dezembro 08, 2011

Havia uma menina de saia vermelha e sabrinas brancas e havia uma tenda circense goliacamente arcoírica.
A menina tinha nascido duma arrebatadora paixão do homem bala pela trapezista equilibrista. E, em pequena, a mulher barbuda oferecera-lhe um jogo de facas.
Mas era por demais desastrada, cortando-se  de incontáveis vezes e maneiras. Os pais, preocupados com o xaile de cicatrizes que ela já tinha, rogaram-lhe por tudo que mudasse de arte. Ao que ela, numa agridoce simplicidade, lhes replicou:
- Deste xaile que me pesa aos ombros mais são as malhas tecidas por outros que pontos dados por mim. Mudar de arte, meus pais, só se criarem um número de engolir sapos, pois já quase não choro ao fazê-lo.
Colocando, a cada, um beijo na testa, rodou a saia vermelha na ponta das sabrinas brancas. Saiu da gigantesca tenda arcoírica e encarou o monocromático mundo que reinava fora desta.
- Adeus meus pais, vou antes plantar saudade, vou plantar cravos.



Borrega

dezembro 01, 2011




- Onde estás?
- Onde tu não chegas para me agarrar.

Borrega

outubro 15, 2011

True Story

Borrega

setembro 25, 2011

Informação


A Pulga e a Borrega agora têm um gato: Keito di Salvatore .

Pulga & Borrega

Créditos:
Imagem: Kurt Cobain

setembro 19, 2011

3. Those Rivers Had Dried

Entra no consultório do oftalmologista. 
Já não chora, não que não queira, que vontade não lhe falta e razões também não. 
Arrancaram-lhe o coração do peito e atiraram-no contra o estômago (de certeza que foi um jogador de basebol profissional, tal foi a força) e custou-lhe voltar a restitui-lo ao lugar dele. Mas não chorou.
O médico concordou. Passou-lhe de receita algumas lágrimas, desejou-lhe as melhoras e encaminhou-a à porta. 
Ao sair do edíficio, pegou no telemóvel. 'Façamos um negócio proveitoso para ambas as partes. Dou-te todas as minhas memórias, todos os meus pontos de vista e tu... Tu devolves-me as minhas lágrimas... '

Negociação

Pulga

agosto 31, 2011

2. Crime Passional

Chega ligeiro, devagar, para a agarrar na anca. Cola-se a ela como um só. Ela sorri e continua a cozinhar, os amigos vieram jantar lá a casa e da sala ouvem-se os risos, a música na aparelhagem e os gritinhos histéricos. 
- Faz-me um favor e põe a mesa. Os pratos estão naquele armário, os copos no armário do lado, e os garfos naquela gaveta. - vai murmurando, apontando, sem se virar. 
- Que se passa, pequena? Estás distante..
Distante? Distante?! Não ouviu bem com certeza.
'Queres falar sobre distância?', murmura entre dentes, virando-se para ele. 'Distante andavas tu. Falavas de assuntos que não percebias e porquê? Para me tirares as calças. Meu grandessíssimo filho da mãe.', ergue a voz à medida que avança para ele, segurando a faca de amanhar a carne. 'Éramos história inacabada e tu foste a correr para os braços dela, sem pensar duas vezes, sem pensares em mim, sem pensares se havia salvação para nós.' Espeta a faca na perna, atingindo a femoral. 'Sangra até morreres, filho da puta, que nem ela te salvará.' Espeta-a novamente, desta vez nos genitais.
Afasta-se em direcção à sala, precisa de ir dar uma volta para desanuviar, mas volta para o jantar. Talvez uma das raparigas possa acabar o jantar, afinal a maior parte já está feita.
Quando sai de casa, ouve os risinhos na cozinha, aquele estúpido e aquela falsa. Ainda bem, que a convivência é rara. 
Raiva.

Pulga

agosto 30, 2011

1. Sad Love Song

Encosta a cabeça ao vidro do autocarro. Os fones tocam a música em alto e bom som. Tão alto e bom som, que ele é obrigado a tirar-lhe o fone do lado esquerdo. Entrou nesta paragem e ela não reparou. A pobre anda estafada de não fazer nada, e esta pequena fuga tirou-lhe o sono de noite para lho dar agora. 
Com delicadeza, pega na cabeça dela e encosta no ombro dele, enquanto lhe pega no mp3 e o desliga. Murmura-lhe a sua canção, assim ela até dorme melhor. Engana-se. Com um sorriso, ouve-se dois murmúrios descoordenados, uma voz rouca, típica de quem acordou. 
Os olhos mantém-se fechados enquanto ela canta, mas mesmo assim as lágrimas escorrem. Ajeita novamente os fones, liga novamente o mp3, e volta novamente o barulho. Ou a música. Ou o nada.
[Quem diria que já passaram dois anos?]
Os olhos vão ficar fechados até ao final da viagem, independentemente de tudo, esta é a fuga dela.
Negação.

Pulga

julho 17, 2011

Insónias


Desavenças vão e vêm, Maria Soraia, mas não te deviam tirar o sono. Que a noite já vai longa e que ainda estranhes a cama ainda vá que não vá, agora não te metas em pensamentos desenfreados, desaconselhados, desapercebidos, que por esse caminho Soraia Maria, já andamos muitas vezes, e continua como mata virgem, nunca antes pisada.
Apaga essa luz que te chateia e desliga-me esse som que já irrita. Amanhã quando acordares, se voltares a pensar nisso, o banho será a solução. Hoje remendeia-se com uma história às três pancadas.


Pulga

julho 05, 2011

Esquadrilha aquela memória como um podengo fareja um coelho entre as silvas dum prado.
Tudo à volta se tornou num borrão, como se aquela feira barulhenta fosse um quadro a óleo à chuva de Novembro. Só aquele metro quadrado em que se cruzou com aquele desconhecido era nítido na sua cabeça.
Há uns anos atrás achava que aquelas cenas de filmes em que duas pessoas se cruzavam e o tempo parava eram uma parvoíce "romântico melancólica" de um qualquer movimento lamechas do cinema. Contudo, a algazarra antes vinda da feira era agora surda, o borrão era estanque.
Cruzei os olhos com os do desconhecido e, naquele segundo, pensei que o conhecia. Àqueles olhos azuis, àqueles lábios carnudos que se entreabriram como quem me ia falar. Mas eu não consegui emitir uma palavra e ele também não o fez.
O segundo romântico-melancólico passou, a chuva de Novembro parou, a algazarra gritou que era feira de São Pedro nas ruas.
Afinal era só um desconhecido, mais uma pessoa na multidão.

Borrega

Créditos:
Música:
Guns and Roses - "November Rain"
Diabo na Cruz - "É tão lindo"

junho 28, 2011

2 meses

E assim...
(#som dum estalar de dedos#)
...foste-te.

Não tinhas o nome de nenhuma tribo índia norte-americana como todos os outros. Eras uma fada, mas tão livre ou mais que todas as índias da história juntas, tão ou mais guerreira que todas elas juntas e, sem dúvida, tão ou mais impetuosa!

Riona Maria
, minha gazelinha de Thompson...
Tenho saudades Alpha da nossa matilha... perdão, Tribo!

R.I.P. - Riona
(05/05/2005 - 27/04/2011)

«Indian, indian, why did you die for?
Indian say: "nothing at all."»
Jim Morrison

Borrega


maio 25, 2011

'Inner Glow' *


'E hoje...', começa na esperança de entrar num assunto mais sério. 'Hoje aconteceu-me isto...', e enquanto vai relatando os factos para entrar no verdadeiro assunto, é interrompida.
'Sim, mas aconteceu que...', volta ao ataque. Não tem culpa, nunca foi uma
pessoa de ir directa ao assunto e sempre teve esperança que a ouvissem em tudo, desde as teorias sem nexo passando aos assuntos de maior valor, tal como ela faz a todos. Nunca teve essa sorte, e por isso guarda para si.
E é quando chora no silêncio escuro do quarto, que alguém lhe pergunta 'Que se passa?'. Ora agora? Pois agora já não se passa nada. Dêem-lhe só férias, que é de férias que ela precisa.




Pulga

*Título da música dos Blue October que tem este verso no refrão: 'if you fail, at least you tried'

maio 17, 2011

Ao estilo do Facebook II

( Clicar para aumentar )

... e publicar no blog.
Pulga

maio 08, 2011

Naite iru

Quando entrei, apesar do sol que se fazia sentir lá fora, o quarto estava na penumbra.
Ela estava deitada, não, largada é o termo mais adequado. Ela estava largada, de barriga para baixo, sobre a colcha da cama religiosamente feita.
Os braços abertos, qual Cristo. No que pendia para fora da pequena cama individual segurava, já por pouco, uma folha escrevinhada.


«Hoje chorei, quer dizer estou a chorar... Melhor, não é só hoje, tenho chorado muito. Mas finjo que está tudo bem, e eu finjo tão mal para ti.
Sabes, disseram à Luna, na avaliação, que a falha dela tinha sido falta de auto-confiança.

É exactamente isto, é eu por muito que me esforce, achar que não te sou suficiente, que não mereço, que não estou à altura, que não tenho o direito de precisar de ti, de te pedir colo. É eu me sentir completamente impotente perante o facto de te saber a sofrer e não te poder curar...

Sabes qual é o meu maior medo? Que um dia me olhes nos olhos e me digas: "Já não te conheço.".

Porque, por vezes, já nem eu me conheço.

Porque ficas?

Porque não desistes de mim?

É que sabes, é inglório lutar por alguém que já desistiu de si mesmo. Ou que desiste por períodos...

Porque mereço tanto de ti?

Amo-te.

Sei que isso não muda as falhas e não me tira esta estúpida insegurança. Mas não deixa de ser das coisas mais verdadeiras que tenho.»


Peguei na carta e pousei-a sobre o teclado do computador.
Ajeitei-a na cama e cobri-a com a pequena manta que tinha aos pés desta.
A pequena precisa realmente de ganhar juízo.
Valham-lhe as gentes que sei que tem.


Oriana...



Borrega

Créditos:
Música:
Ao som do álbum "Let Them Talk" de Hugh Laurie

maio 06, 2011

John's Letter

"Elena,

It’s no easy task being an ordinary parent to an extrordinary child. I failed in that task. And because of my prejudices, I failed you. I am haunted by how things might have turned out differently if I had been more willing to hear your side of things. For me it’s the end. For you, a chance to grow old and someday do better with your own child than I did with mine. (...) I don’t ask for your forgiveness or for you to forget. I ask only that you believe this: (...) I love you all the same, as I’ve always loved you and always will
.
John "

Vampire Diaries 2.21- The Sun Also Rises

Pulga

abril 29, 2011

E no fim...


[era para onde havia de ter ido desde o início.]
Pulga

abril 26, 2011

Home, sweet home


'Não era perfeita' relata excitada à amiga, 'mas dava para nós. Encontrei o aviso sem querer. Falei com a senhoria e fomos só nós dois ver'.
Beberica um pouco do chá de morango. 'Quando vi a senhoria, senti o que a casa ia ser. Não me desiludiu. Quando entrámos parecia que tínhamos sido os primeiros em muito tempo. Estava fechada à muito tempo, mas funcionava perfeitamente, as janelas deixavam a luz entrar, tal como eu gosto. E os móveis... Velharias que até tu te apaixonarias por aquilo. Assim que entrei no primeiro quarto já tinha decidido que ficávamos com ela, mas ainda olhei os outros...'
A amiga dá-lhe dois minutos de divagação silenciosa até pigarrear. 'E as outras divisões?'
'Faz-me lembrar da minha antiga casa, aquela que a minha falecida avó me emprestou, com a diferença que esta tem Internet ilimitada. Divisões grandes. A sala era alcatifada, e o plasma não combina com a mobília.. Mas é um plasma!', arregala os olhos exclamando, 'A cozinha é enorme! Dá para os cinco comermos animadamente, e uma televisão pequenina quando comermos solitários.'
'Parece perfeita.'

'Dita assim, realmente parece. Duas casas de banho acho que nos chegam, se bem que devem gerar confusão de manhã. Mas fiquei apaixonada pelas portadas de madeira das casas-de-banho. Até lhe disse, vai tomar banho, eu assino os papéis.'
'Então porque dizes que não é perfeita?'
'Já lá chego. Falei-te que quando saímos de casa descemos uma rampa pouco acentuada de terra, e não andamos mais que três minutos e demos com a paragem de autocarro, e chegamos a conclusão que conseguimos facilmente chegar a todo o sítio a pé?'
'Então?'
'Foi um sonho. Era literalmente uma casa de sonho.'


'And wouldn't it be nice to live together
In the kind of world where we belong'
Wouldn't it be nice - Beah Boys

Pulga

abril 15, 2011

Resumo duma Queima ou Fita [Aberta] ao Derradeiro Padrinho


Acabou ontem a tua semana, Padrinho. Não queimaste as tuas fitas como os outros, mas é isso que faz de ti especial. E é por essa razão que te decidi escrever esta 'fita'. Só para te dizer que me diverti bastante por ti. Pronto é mentira. Tenho cá na ideia que se cá estivesses tinha-me divertido mais.
Nunca antes padrinho algum me pôs a chorar como uma criança em plena Serenata. Tenho a dizer que a primeira memória que tenho de ti foi no bar do Geo e desde aí sempre me fizeste rir. Tivemos as nossas fases, mas o facto de chegares ao pé de mim e falarmos quase como se tivéssemos sempre juntos, bem... Sempre gostei sempre disso em ti.
És a única pessoa [ou gente] que eu aceito discutir política, porque és o único com o qual consigo perceber realmente as coisas, e entenda-se por coisas o estado do País.
Desejo-te o melhor do Mundo, mas mereces o melhor de Tudo. É que... sabes? No final, as saudades vão gritar bem alto, saudades da tua praxe, saudades das tuas mms, saudades de sentir que comparada contigo ainda sou uma menina, saudades de ti.
*Meow*


Bêbeda

Avé Godfather! *bate no peito e ergue dois dedos*

abril 08, 2011



Será possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Descubro que sim.
Pois, se o amor for Amor e não fogo de vista, mesmo que a pessoa se vá e venha outra há sempre algo que fica: "the love that remains", aka, Saudade.

Então cada amor é diferente, é para sempre...
"my heart's an open wound that 
only you replace

and though the moon is rising
can't put your picture down

love, it's a frightning way to fall
"

Borrega



P.S.- "This is a dedicatory song": a ti que és intemporal a todos os amores.
Que saibas que chorei porque dói, mas que és tu que não me deixas morrer.
Eu tenho a melhor irmã...


Créditos:

Música:
Eddie Vedder - "Longing To Belong"
Imagem: daqui

abril 04, 2011

Genesis


O amor altruísta nasce [obrigatoriamente ?!] dum amor egoísta.
Pois como será possível abdicarmos de tudo por alguém, querermos dar-lhe tudo, se não quisermos esse alguém só para nós, como parte de nós?
[o ser humano é egoísta por natureza!]







"Não me interessa que esteja frio. Não quero saber se tresando a cão. Faz-me esquecer como sou horrível. Faz-me esquecê-lo. Faz-me esquecer o meu próprio nome. Luta por mim!"

Borrega

Créditos:
Imagem:
daqui
Citação: Bella Swan in Eclipse

março 31, 2011

Rascunhos

"Tens uma letra bonita, redondinha."

Já mais que uma pessoa mo disse, que a minha letra é redondinha, bonita, ajeitadinha...
Ela, normalmente, não o é. Escrevo a correr, não em maratona, mas em sprint. Ela adapta-se, com a velocidade, a adrenalina, o nervosismo (!), fica desfocada, distorcida, diferente.


Só na calmaria dum aninho interior ela se mostra doce, redondinha, pequena. Só na segurança dum porto de abrigo ela se mostra como é, só aí me mostro como sou.

[Porque a letra é o espelho da alma, a letra é o ser...
Quando não escrevo não sou.]

Borrega

Créditos:
Imagem: Jim Morrison

março 22, 2011

Gente Forte

Os super-heróis não choram.
Os homens não choram.
E por esta lógica, as mulheres também não.
Mentira!
Porque temos , para ser "fortes", de esconder que sentimos, que somos, que existimos?!



Ser Forte é ser como tu és.
Ser Forte é chorar agarrado a quem se gosta.
Ser Forte é escalar montanhas apenas para se ver urze e carqueja.
Ser Forte é ter Saudade.
Ser Forte é ser Homem, Mulher, Super-herói...
É ser Gente.

Às Gentes...

Borrega

Créditos:
Imagem:
Alvão por Nuno Reis (aqui)

março 19, 2011

Casa



Borrega

Créditos:
Imagem:
descoberta aqui, penso que ainda no tempo dos papagaios e dos leões.

março 07, 2011

'70 x 7'

7º dia.
É dia 7.
Morreste.


Mas esse não é o caso, quer dizer é,mas...
Não me disseram que tu estavas mal, não me disseram que não comias, senão eu tinha ido mais cedo.
Sim, por ti tinha ido mais cedo!
E mal cheguei fui ver-te: imóvel, sem reacção, sem os teus frenéticos pulos de boas vindas. Apenas aquele alívio moribundo de me veres, como quem diz: agora já posso morrer.
Não podias! Eu não queria. Contudo, disse convicta que, até eu me ir embora, tu morrias, porque eu não te deixava a sofrer longe de mim.
Eutanásia egoísta...
Chamei o carrasco para te dar o tiro... Mas tu, espírito livre, como índio que eras, morreste num nocturno e solitário grito uivado.
Carreguei-te sozinha para a mala do carro, apesar do meu ombro deslocado. Amava-te demais para não o fazer.
Levamos-te para o perto deles...
Escolhemos-te um lugar diferente, ficas-te à sombra do salgueiro, à beira dum lago que as água das chuvas forjaram.
Rezei-te...
Sabes, é como disse o Pai: amigo, vai correndo livre aí em cima que nós depois vamos ter contigo.
E o Pai sempre teve razão, tu eras mesmo Jerónimo: o último grande Apache, o último grande chefe índio.

[RIP: 05/07/2004 - 27/02/2011]

«Indian, indian, why did you die for?
Indian say: "nothing at all."»
Jim Morrison

Borrega

P.S.- "This is a dedicatory song": My only true love, marry me!
[«- Agora já não podes casar.
- Pois não.»]



Créditos:

Título: "Jesus usou a expressão ‘70 x 7’ para significar ‘sempre’." (daqui)

fevereiro 24, 2011

#4 - A Letter to Your Sibiling (Or Closest Relative)



Ligou-lhe hoje. Hoje teve mesmo de ser. Ainda me lembro de quando ela era pequena e o protegia a ele, mais fraquinho e sem graça, mais pequeno que ela até. E o quão engraçado é ver as expressões dela quando passa a ombreira da porta principal e ignorando as rugas que se vão apoderando velha dona de casa e esquecendo que tem de ajudar o velho, que a corcunda lhe começa a pesar, mas que nada naquele rapaz lhe escapa, o quanto cresceu, o corte de cabelo, a voz, e a força... A força que ela tantas vezes tenta esquecer e brigam, brigam como irmãos, pois irmãos são. 'Está a ficar um homem', diz ela à mãe. 'Qualquer dia sai de casa com uma mala às costas e não lhe pomos a vista em cima por semanas', diz ao pai. E os velhos acenam que sim, que já não lhe têm mão, e ela ri-se. 'Veremos', diz ela acenando a mão como se não fosse nada demais, 'desde pequeno que me obedece e não precisei de lhe mudar as fraldas'. São coisas de irmãos, coisas que filhos únicos não podem perceber, que o mais velho há-de sempre proteger o mais novo, e o mais novo há-de sempre desafiar o mais velho.
Pulga
H. B'day, Puto

Ao puto, que faz anos e que não lhe digam

fevereiro 17, 2011

Odisseia#10

"
- Why do you never say my name?

- Sorry?

- You never say my name. Why?

- [pauses] What's the first thing you do when you get a cold?

- What?

- What's the first thing you do when you get a cold?

- Uh... chicken soup, aspirin, scotch...

- You never just have the cold?


- I don't know what...


- [interrupts] Taken nothing. Just have the cold?


- No.


- No, and that's us, right?
We drown it. Kill it. Numb it, anything not to feel. You know, when I was a doctor in London, no one ever said 'medahani'. They don't thank you like they thank you here. Cos here they feel everything, straight from God. There's no drugs, no painkillers. It's the weirdest, purest thing - suffering. And when you've seen that kind of courage in a li... [pauses, tears well up]... in a child... How could you ever want to do anything but just hold him in your arms? You remember that boy in London, JoJo?

- Yes of course.

- He was my first save, 10 years old. So thin
he could barely stand. But he still found the strength the bury the rest of his family. We have no idea what courage is... He used to write me little notes. He helped me in the clinic. He was good. He was sweet, he was good. He wanted to be like me, I liked that. I mean, it was silly and childish, but it made me feel good about myself. So I took him with me to London, you know, my talisman, my courageous Africa... [pauses] How could I be so bloody stupid? How could I be so totally selfish? The point is... he was my friend. He had a name. So now I HAVE to remember him. If everybody I lose has a name..."

Borrega


Créditos:

Quote:
Angelina Jolie, as Sarah Jordan; Clive Owen, as Nick Callahan in Beyond Borders (2003).

fevereiro 13, 2011

Stuff that, sometimes, comes by

Uma caneta pende, suspensa, sobre um guardanapo.
Sim, sobre um guardanapo!
E, naquele instante em que ela lhe toca, surgem cantos, doridos prantos que, pungentes, urgentes!, quase dilaceram o pobre guardanapo.

"Certos dias e horas, o coração aperta, a mente fica deserta e um oásis nela aflora.
Oásis d'águas turvas e flora dolorosa. Turvas das memórias que espelham, flora que fere pela beleza que tem.

Não se querendo enaltecer, é assim que se sente: um oásis no deserto - não pertence ali.

Não, não tem que ver com a sua beleza ou com o facto de ser especial, apenas se compara neste item: não sente que pertença ali.

Mas, se calhar, com jeitinho, é só mais uma crise de saudosismo."


Borrega

Créditos:
Imagem:
Eddie Vedder
Música: António Variações - "Estou Além"
Ana Moura - "No Expectations"
Radiohead - "Creep"

fevereiro 08, 2011

#8 - A Letter to Your Favorite Internet Friend


'Bora aparvalhar?', são simples palavras mas para mim são como bóias de salvação de um dia tedioso. A distância de um clique é tão curta e tem aquele som tão cativante que quando dou por mim estou numa discussão acesa sobre nada. São as nossas conversas à vista de todos que me fazem rebolar na cama às gargalhadas.
É complicado contigo, sobrinha, diz o face'o'coiso mas garanto-te que é sempre divertido.

Pulga

*Click* Pulga gosta disto.

janeiro 20, 2011

#23 - A Letter to The Last Person You Kissed


Hey you!

Nunca adivinharias a razão porque te estou a escrever. Escrevo-te para não te mandar mensagens. Escrevo-te para te dizer o quão estúpidas são as saudades. Que tenho saudades dos penúltimos beijos. Tenho saudades do sorriso que me mandavas quando tinhas de te ir embora. Tenho saudades do 'E o rapaz?' 'Está a trabalhar! Pôs-se a pé bem cedo e sabe Deus a que horas se vai deitar!'

E agora? Agora ainda quero um último beijo e não posso.


Pulga

janeiro 19, 2011

Note

Aqui o Zoo-Lógico fez dois anos! Obrigado!
Pulga e Borrega

janeiro 16, 2011

Sounds

1. Today you feel: Light My Fire [The Doors]

2. Your new Myspace name is going to be: Black [Pearl Jam]

3. You woke up in the middle of the night and heard someone shout: Given to Fly [Pearl Jam]

4. When the aliens abducted you, they told you: It Don't Hurt Anymore [Johnny Cash]

5. The reason behind your next argument is: Heroes [David Bowie]

6. This is why people love you: Again [Lenny Kravitz]

7. This is why some people don't: Cão Muito Mau [Boitezuleika por Carolina Torres]

8. What you do on a friday night is: That Man [Caro Emerald]

9. You find out you're pregnant and say: I think I'm Paranoid [Garbage]

10. The police arrest you for: Fix You [Coldplay]

11. You won the karaoke contest by singing: O Silêncio das Estrelas [Lenine]

12. Your best friend stabbed you in the back and you said: I Will Survive [Gloria Gaynor]

13. You quit your job because: LA Woman [The Doors]

14. This is why you screamed last night: I Am Mine [Pearl Jam]

15. Your first baby girl will be called: A Dança [Pólo Norte]

16. Your first baby boy will be called: Stars and Sons [Broken Social Scene]

17. You threw away your favourite pair of jeans because: Simply The Best [Tina Turner]

18. If you died tomorrow, this is what you'd be remember for: Smoke on the Water [Deep Purple]

19. Your grave would say: Love Has Left To Space [Civic]

20. You found out you were moving to another country and said: Last Kiss [Pearl Jam]

21. You got caught shoplifting, and your excuse was:
Zombie [The Cranberries]

22. Your crush asks you out on a date, so you say: Bitch [Meredith Brooks]

Borrega

Créditos:
Imagem:
daqui

janeiro 15, 2011

Secret Sigh


Tenho saudades tuas (...)
(...) Das tardes silenciosamente acompanhada, dos passeios, do sol a nascer sobre nós.
Tenho saudades, tenho tido saudades, muitas.

Oriana...
(19/03/2010)



P.S. - E assim como o sol nasceu e se pôs sobre nós, também as saudades se puseram e não mais nasceram...
(15/01/2011)

Borrega

Créditos:
Imagem: daqui
Post: mais uma carta para a caixa...

Odisseia#9


"
- What happened to the man I married?
- What happened to the woman who used to fight by my side?

- She had a son! "

Borrega


Créditos:

Quote:
Antonio Banderas, as Alejandro de la Vega; Catherine Zeta-Jones, as Elena de la Vega in The Legend of Zorro (2005).

janeiro 10, 2011

Carta#2

[Letters: #7, #12, #13, #14, #19, #20, #28]


Sozinha, uma brasa finda-se em fumo, tal como todas as que a rodeiam se esfumam no centro da minha lareira, agora apenas de cinzas.
Esfumam-se como as memórias que tenho da dor, do abandono, da paixão, do amor, de ti, de mim, de nós. É tudo um fumo difuso que se mistura nos meus olhos quando estes se ausentam desta realidade.
Amo-te, ainda te amo [naquele local do meu coração em que te tranquei], quão doentio é isso sabendo que já não existes?!?
Ontem dei de caras com fotos tuas, agora com as mudanças anda tudo aos trambolhões...
E, como andavas "livre" assim, a porta daquele sitio cá dentro em que te tranquei, quer dizer ao fumo irreal que és, abriu uma greta...

[Dormi inquieta.
Voltei a trancá-la.]


Os meus dedos enredados nos teus caracóis, eu aninhada em ti, mais fumo que se esvai, extinguindo as brasas.
[Esvais-te, aliás, esvai-se o fumo empoeirado das memórias que és.]

Borrega




P.S.- [Apesar da cicatriz] ...
Lembro-me da última coisa que te pedi, na última carta que te escrevi

[queria-a ...] .

janeiro 09, 2011

Lost Whises ...

«Palpita doce no peito, ofega plo leito. Corpo teu, perfeito remédio para o meu... Unguento milagroso para esta ferida que é fome de dar, de amar...
Mas estou perfeitamente em mim, não te tenho, nem ao abrigo do teu corpo prazenteiro. Desejo carmim, desta minha ternura sem fim, desta menina querubim.

Meus ouvidos têm saudade da brandura da tua voz e da tua boca que era foz de um mar de palavras do teu fundo... Beijos e carinhos postos em mim.

Hoje adormeço assim, hoje tenho a sensação de ti em mim.»




E a mulher à beira rio, pés a chapinhar na água, enrola aquele pergaminho e deposita-o numa garrafa. Tapa-a e entrega-a ao rio.

Oriana acorda, já não está no rio à beira jardim.
Por onde andará a garrafa, já estará no mar?

Oriana...

Borrega
(14/04/2010)
Créditos:
Imagem: daqui

janeiro 05, 2011

Procura-se...


... Artéria Femoral, ainda pulsátil !



Pulga e Borrega

janeiro 01, 2011

Odisseia#8 - Tenakau


Karite Kiamo
(...)
Kia Kaha



Borrega
Créditos:
Filme: Forever Strong
Dialecto:
Maori, da Nova Zelêndia