7º dia.
É dia 7.
Morreste.
Mas esse não é o caso, quer dizer é,mas...
Não me disseram que tu estavas mal, não me disseram que não comias, senão eu tinha ido mais cedo.
Sim, por ti tinha ido mais cedo!
E mal cheguei fui ver-te: imóvel, sem reacção, sem os teus frenéticos pulos de boas vindas. Apenas aquele alívio moribundo de me veres, como quem diz: agora já posso morrer.
Não podias! Eu não queria. Contudo, disse convicta que, até eu me ir embora, tu morrias, porque eu não te deixava a sofrer longe de mim.
Eutanásia egoísta...
Chamei o carrasco para te dar o tiro... Mas tu, espírito livre, como índio que eras, morreste num nocturno e solitário grito uivado.
Carreguei-te sozinha para a mala do carro, apesar do meu ombro deslocado. Amava-te demais para não o fazer.
Levamos-te para o perto deles...
Escolhemos-te um lugar diferente, ficas-te à sombra do salgueiro, à beira dum lago que as água das chuvas forjaram.
Rezei-te...
Sabes, é como disse o Pai: amigo, vai correndo livre aí em cima que nós depois vamos ter contigo.
E o Pai sempre teve razão, tu eras mesmo Jerónimo: o último grande
Apache, o último grande chefe índio.
[RIP: 05/07/2004 - 27/02/2011]
«Indian, indian, why did you die for?
Indian say: "nothing at all."»
Jim Morrison
Borrega
P.S.- "This is a dedicatory song": My only true love, marry me! [«- Agora já não podes casar.
- Pois não.»]
Créditos:
Título: "Jesus usou a expressão ‘70 x 7’ para significar ‘sempre’." (daqui)