julho 17, 2011

Insónias


Desavenças vão e vêm, Maria Soraia, mas não te deviam tirar o sono. Que a noite já vai longa e que ainda estranhes a cama ainda vá que não vá, agora não te metas em pensamentos desenfreados, desaconselhados, desapercebidos, que por esse caminho Soraia Maria, já andamos muitas vezes, e continua como mata virgem, nunca antes pisada.
Apaga essa luz que te chateia e desliga-me esse som que já irrita. Amanhã quando acordares, se voltares a pensar nisso, o banho será a solução. Hoje remendeia-se com uma história às três pancadas.


Pulga

julho 05, 2011

Esquadrilha aquela memória como um podengo fareja um coelho entre as silvas dum prado.
Tudo à volta se tornou num borrão, como se aquela feira barulhenta fosse um quadro a óleo à chuva de Novembro. Só aquele metro quadrado em que se cruzou com aquele desconhecido era nítido na sua cabeça.
Há uns anos atrás achava que aquelas cenas de filmes em que duas pessoas se cruzavam e o tempo parava eram uma parvoíce "romântico melancólica" de um qualquer movimento lamechas do cinema. Contudo, a algazarra antes vinda da feira era agora surda, o borrão era estanque.
Cruzei os olhos com os do desconhecido e, naquele segundo, pensei que o conhecia. Àqueles olhos azuis, àqueles lábios carnudos que se entreabriram como quem me ia falar. Mas eu não consegui emitir uma palavra e ele também não o fez.
O segundo romântico-melancólico passou, a chuva de Novembro parou, a algazarra gritou que era feira de São Pedro nas ruas.
Afinal era só um desconhecido, mais uma pessoa na multidão.

Borrega

Créditos:
Música:
Guns and Roses - "November Rain"
Diabo na Cruz - "É tão lindo"