novembro 29, 2010

Voando Diferente

Contorcida debaixo desta montanha de cobertores a nh'alma arrepia-se e quero ver um mar cálido jorrar de meus olhos ... mas eles estão secos, neles nada brota.

Era assim que estavas enquanto escrevias a Kafka?
[pergunta estúpida!]


Quanto muito estavas franzida debaixo de farrapos, doente, moribunda, trancafiada na holocaustica Auschwitz, sendo essas cartas teu arquejo de liberdade...
[estavas milenárias vezes pior!]

Também escrevo [escrevia?!] cartas, qual "Kafka à beira mar" ... mas tropecei a caminho da praia [!] .

Aqui estou eu nesta auschwitz em que os guardas são pessoas normais, livres [como eu, como nós!] que cingem com regras, etiquetas e aparências: algozes do politicamente correcto.
A Auschwitz onde estiveste era feia e cinzenta, a onde estou escrevo-a com "a" pequeno, chamam-lhe sociedade e tem a fronte engalanada. Floreada fachada que às minhas cartas deu [dá?!] facadas. [nisso bem aprendeu com a tua de "A" grande ...]

Como se escrevem cartas d'amor enclausurada num sítio onde não o há?
Onde ele é um
incomodo?
Onde ele é uma questãozinha de menor?
Como escreveste tu "amor" num dos mais hediondos sítios?
... Mas tu escreveste .
[!]



Eu rabisco cartas...
Um dia queria ser "Kafka à beira mar"...
Almejo cartas d'amor simples e vorazes ...
[Cartas d'amor] sobre o nada que é tudo ...


{Há umas semanas atrás, fui eu e o Padrinho ao UnderGreen e havia uma representação para recordar as vitimas do Holocausto. Representaram uma adaptação das cartas de Milena a Kafka, e eu amei.}

Borrega

P.S.- "This is a dedicatory song": Padrinho

Créditos:
Imagem:
daqui
Livros referidos:
Milena: The Tragic Story of Kafka's Great Love, de Margarete Buber-Neumann
Kafka à beira mar, de Haruki Murakami (nunca li o livro,referi o titulo porque é o que descreve mais correctamente uma imagem que tive enquanto escrevia...)

0 rugidos:

Enviar um comentário