agosto 26, 2012

Inverno

Odeio o facto de teres "pézinhos de lã". Chegas do nada, meu Fantasma de memórias, e ligas a luz do que quero deixar lá bem no escuro. Assim vejo-te em todo o lado, quero-te em todo o lado, fico com o corpo enregelado.
Como é que algo se enraíza assim, desta maneira tão funda e sem fim, em alguém?
Como é que minto tantas vezes e me convenço tantas vezes que já não te amo e, do nada, num piscar de olhos, vergo sobre mim mesma a gritar por ti, a implorar pelo bálsamo dos teus braços?
Impressiona-me demais o tamanho do vazio que carrego. É por isso que me refugiei neste estado de não escrever (para quê vou ter sempre ao mesmo?), de não falar, de não gritar por ajuda, nesta mentira de que está tudo bem. Mas adivinha, Fantasma: O rei vai nu. E mais tarde ou mais cedo toda a gente vai ver, porque a mentira é um manto esfarrapado.
Mas até lá ando assim, a fingir que é Verão, quando apenas há Inverno em mim.

Borrega

Créditos:
Imagem: daqui
Música: Pearl Jam - Alive

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