setembro 01, 2010

A menina que n'ã[o fu]mava

{Estavam ele e ela numa sítio sem tempo nem era, em desconhecida e deserta localização.
Ela e ele estão
acompanhados pelo silêncio, mas ela zanga-se com o silêncio e decide mandá-lo embora, mesmo não sabendo como o quebrar. Então diz-lhe:}

- [D]á[-me um ci]garro.
Dá-me!...
- Mas tu n'ã[o fu]mas!
- Pois não, mas dá-me, que quero muito tê-lo.
- Toma, mas não o estragues, que depois quero, aliás, preciso [a]*[fu]mar!!

{Ela e os seus parêntesis e entre linhas! Consumia-lhe a cabeça! Estaria ele a entender bem aquele subito pedido? Estaria ela mesmo a apelar pelo seu colo? Ou só queria mesmo um cigarro? É verdade que ela não fuma, mas gosta de bater tabaco... Talvez seja só isso que ela quer... Teria ela entendido a picardia que ele incutira na sua resposta?}


- [D]á[-me um ci]garro!
Dá-me...!

-Mas tu n'ã[o fu]mas!
{...s.u.s.p.i.r.a...}
Devias!

{Galga a distância entr'eles. Abraça-a.
Ela, sem reacção imediata, só consegue pensar em como a baunilha do tabaco lhe adoça a roupa duma forma tépida.}


Tens a pele macia, a alma [c]a[l]tiva 'fri[d]a! Teus olhos [, teus carac]*[s]óis!

{Ela solta-se, tal qual bicho-do-mato, arisca qu'é. Assusta-a [car]*[n]inho.}

- Dá-me só o [a]*[ci]garro.
to [r]*[d]evolvo.
- Mas tu n'ã[o fu]mas!
- Que [sab]es tu de mim?
[A]*[Fu]mo sim!
Passiva [!]...

{Cai de joelhos, punhos contra o chão.
Uiva:}


- [A]*[Fu]mo[-te] sim!

{Curva-se. Ergue-a do chão, com o cuidado de quem tem em mãos a mais frágil e fina porcelana.}

- Toma [l]á [o ci]garro[-te]!
Que s[ei]*[ou] eu de ti?
O mesmo que [sab]es de mim: que n'ã[o fu]mo [não sem ti!].
- Dá-me tu,
[D]á[-me tu um ci]garro a mim!


{Beijam-se...}

Borrega

P.S.- "This is a dedicatory song": Sis'

Créditos:
Música: Johnny Cash - "One"
{simplesmente porque a voz deste senhor me enamora e a sua versão desta canção tem mantido os meus ouvidos seus reclusos}
Imagem: daqui

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