Contorcida debaixo desta montanha de cobertores a nh'alma arrepia-se e quero ver um mar cálido jorrar de meus olhos ... mas eles estão secos, neles nada brota.
Era assim que estavas enquanto escrevias a Kafka?
[pergunta estúpida!]Quanto muito estavas franzida debaixo de farrapos, doente, moribunda, trancafiada na holocaustica Auschwitz, sendo essas cartas teu arquejo de liberdade...
[estavas milenárias vezes pior!]Também escrevo
[escrevia?!] cartas, qual "Kafka à beira mar" ... mas tropecei a caminho da praia
[!] .
Aqui estou eu nesta auschwitz em que os guardas são pessoas normais, livres
[como eu, como nós!] que cingem com regras, etiquetas e aparências: algozes do politicamente correcto.
A Auschwitz onde estiveste era feia e cinzenta, a onde estou escrevo-a com "a" pequeno, chamam-lhe sociedade e tem a fronte engalanada. Floreada fachada que às minhas cartas deu
[dá?!] facadas.
[nisso bem aprendeu com a tua de "A" grande ...]Como se escrevem cartas d'amor enclausurada num sítio onde não o há?
Onde ele é um incomodo?
Onde ele é uma questãozinha de menor?
Como escreveste tu "amor" num dos mais hediondos sítios?
... Mas tu escreveste . [!]
Eu rabisco cartas...
Um dia queria ser "Kafka à beira mar"...
Almejo cartas d'amor simples e vorazes ...
[Cartas d'amor] sobre
o nada que é tudo ...
{Há umas semanas atrás, fui eu e o Padrinho ao UnderGreen e havia uma representação para recordar as vitimas do Holocausto. Representaram uma adaptação das cartas de Milena a Kafka, e eu amei.} Borrega
P.S.- "This is a dedicatory song": Padrinho
Créditos:
Imagem: daqui
Livros referidos: Milena: The Tragic Story of Kafka's Great Love, de Margarete Buber-Neumann
Kafka à beira mar, de Haruki Murakami (nunca li o livro,referi o titulo porque é o que descreve mais correctamente uma imagem que tive enquanto escrevia...)