agosto 31, 2011

2. Crime Passional

Chega ligeiro, devagar, para a agarrar na anca. Cola-se a ela como um só. Ela sorri e continua a cozinhar, os amigos vieram jantar lá a casa e da sala ouvem-se os risos, a música na aparelhagem e os gritinhos histéricos. 
- Faz-me um favor e põe a mesa. Os pratos estão naquele armário, os copos no armário do lado, e os garfos naquela gaveta. - vai murmurando, apontando, sem se virar. 
- Que se passa, pequena? Estás distante..
Distante? Distante?! Não ouviu bem com certeza.
'Queres falar sobre distância?', murmura entre dentes, virando-se para ele. 'Distante andavas tu. Falavas de assuntos que não percebias e porquê? Para me tirares as calças. Meu grandessíssimo filho da mãe.', ergue a voz à medida que avança para ele, segurando a faca de amanhar a carne. 'Éramos história inacabada e tu foste a correr para os braços dela, sem pensar duas vezes, sem pensares em mim, sem pensares se havia salvação para nós.' Espeta a faca na perna, atingindo a femoral. 'Sangra até morreres, filho da puta, que nem ela te salvará.' Espeta-a novamente, desta vez nos genitais.
Afasta-se em direcção à sala, precisa de ir dar uma volta para desanuviar, mas volta para o jantar. Talvez uma das raparigas possa acabar o jantar, afinal a maior parte já está feita.
Quando sai de casa, ouve os risinhos na cozinha, aquele estúpido e aquela falsa. Ainda bem, que a convivência é rara. 
Raiva.

Pulga

1 rugidos:

disse...

tantas vezes me apetece fazer o que dizes aqui, mas dizem que é errado
*

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