janeiro 07, 2012

4. Dark Side on The Corner

Sentada no escuro, agarra o peluche. Para ela, o amanhã não existe. É apenas o hoje repetido. Só ela e o peluche. Porque o peluche a aquece, porque o peluche a olha da maneira que ele a olhava. Com mel nos olhos antes de a beijar, antes de se deitar ao lado dela, e passar-lhe a mão no cabelo, antes de lhe agarrar na mão enquanto exibia orgulhosamente nos passeios com os amigos. Tem saudades disso tudo. Tem saudades de ter saudades, da ansiedade de voltar para ele. Aperta o peluche enquanto as lágrimas lhe vêm aos olhos. Nalgum ponto da sua curta história confundiu saudades com depressão e agora não consegue sair do canto. 
A mãe bate à porta: 'Tens de comer, pequena.'
Pois tem de comer. E o que não percebe é que quando ela a deixou na berma da estrada, ela não chorou, ela comeu, e agora... Agora está a chorar que nem parva agarrada ao seu peluche de estimação, aquele que não teve coragem de lhe devolver juntamente com as outras prendas. E se alguém pergunta porque não, ela reponde sem sorriso, só lágrimas que é o que lhe resta do coração.
Depressão.

Pulga

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