dezembro 28, 2009

Nightmare(s)

"The painted man, he haunts my dreams..."
(Geraldine McEwan, as Mortianna, in Robin Hood - The Prince of Thieves)

Vira-se e revira-se na cama.
Sua.
Parece criança assustada.
É criança assustada, trancada em corpo de mulher [aparentemente] capaz.
Não acorda, não foge.
Curiosa.
[Mas a curiosidade matou o gato.
Dá jeito, ela não é gato.]
Então, em vez de acordar, apesar do absurdo assustador que presencia, vai atrás, continua.
Sua.
Contorce-se.
Geme.
Treme.
Noites mal dormidas.
Dias a matutar com o que sonha.
Pensa, repensa e "re-repensa" o que já está mais que farta de remoer.
Teme adormecer.
Teme o que a assombra.
Tem medo dos vários significados diferenciais que acha para isso.
Dói-lhe o fundo das costas, perto da região sacra. Sinal de stress...
Está na cama.
É tarde...
Amanhã tem de se levantar cedo.
Vai dormir...
Não pode fugir.

"It's just the beasts under your bed
In your closet and in your head"


Borrega
Créditos:
Imagem: da manga Eternal Sabbath

Música:
Metallica - "Enter Sandman"




dezembro 27, 2009

Indian Prayer (desatino com aroma a cravo e travo a mescalina)

Sou comum ao ponto de ser mundana.
Mais uma que te passou pela cama.

Largas-me no primeiro lixo que vês, a mim, à minha imaturidade e inexperiência, aos meus erros, às minhas facas e ao meu amor.
Segues.


Eu, toda partida, pego cacos, colo.
Ergo-me a medo, as pernas tremem.
Caio, uma e outra vez.
E tu não me vens levantar.
Já não te amo, percebo após quedas sucessivas.
Ando em frente com o que tenho (e é tanto!).

Sou comum, mundana. Continuo assim. Banal, duma pasmaceira quase irreal.
Acendo velas, peço a Deus que me ajude a mondar as ervas daninhas que tenho no peito.
Encho-o de cravos sempre que posso.

Sou carnal profana, desprovida de qualquer sentido, enquanto te tenho deitado no peito suado. Só te sinto aninhado, todo o restante pensamento, que nos salvou dum preâmbulo, foi-se naquelas três letras.
É tão bom, só te sentir.

Redenção.
Planto cravos, um mar deles.
E nesse mar, refastelo-me na areia e durmo.
Acalmo a tempestade e torno-a em ondas calmas, que beijam os cravos.

Corpo lavado.
Pesar da Alma escoado.
Coração acariciado.
Sinto-me tão melhor na minha pele, mundana, de mestiça.
Tento pôr os pés no chão e não voar nas asas da águia…

Mestiça mundana, sentada num telhado, olhando o pôr-do-sol, ladeado pelo cipreste d’onde o anjo xamã me sopra graça, me sopra fé.

Comum, banal, beijo cravos, quase especial… (Ir)real!!!



Borrega

Créditos:
"This is a dedicatory song": À Oriana, que nunca me deixes a Alma...
Imagem: by Borrega (todos os direitos reservados)

dezembro 26, 2009

My personal sarcastic way of live


Não sabes de nada, nunca soubeste.

Não sabes de nada, nunca quiseste saber.

E naquelas vezes em que eu te mencionava algo, esperando a tua reacção, limitavas-te a olhar para um ponto qualquer na parede, ignorando-me.

Não sabes de nada, mas queres que eu saiba.

Não sabes de nada e mentes-me como se soubesses.

Não quero saber quem são as tuas fontes, não quero que rastejes e me peças perdão. Não quero que voltes quando já decidiste partir, nem sequer quero que imagines que estou à espera que voltes. E quando te virares para mim e me perguntares o que faço aqui, a resposta será seca e simples, com aquele trago a ironia e sarcasmo que nunca entendeste.



‘Aqui? Aqui vive-se, senhor. Boa tarde e muito obrigado!’



'You like to think you’re never wrong' [Pts of Athrty - Linkin Park]



Pulga

dezembro 24, 2009

'Tou lamechas e?!?

Porque esta frase não me sai da cabeça:
"Havemos de ser velhinhas e 'tar a beber o chá das 5!!"*

Porque tenho saudades "das do costume"...
Porque a elas neste chá gostava de juntar mais um punhado de pessoas que a Vida me deu nos últimos tempos...

E porque o meu coração está apertadinho e queria tê-la aqui, comigo a abraçar-me. A nha pequenina, a nha parte branca... Sis' sei que és uma Pulga, mas para mim é como se fossemos iguais. És parte de mim, a melhor parte de mim...

(Prontos, é Natal e estou lamechas!!!!)

Borrega

Créditos:
Imagem:
Patti Smith, by Annie Liebovitz
* Todos os direitos reservados a: Filipa Mogas

- Todas as "abreviaturas" devidas ao dialecto escalabitano.

dezembro 23, 2009

Os homens não choram .

Tiro. Foi o som dum tiro que se ouviu.

O homem está encostado à branca parede. Envergando o sobretudo preto por cima da t-shirt branca, as suas calças de ganga azuis, cachecol às riscas castanhas e azuis, cabelo preto desgrenhado e o rosto lívido. Descalço sobre a incólume laje branca e fria tem a arma na mão.

Um sinal rápido e a mulher sai e leva a arma com ela.

Retira o sobretudo e coloca-o sobre o imaculado lavatório. O vermelho nota-se sobre a justa camisola. Retira-a também.

Encostado à parede o homem treme e chora. Escorrega ao longo da parede até se sentar com um baque surdo.

O homem chora, treme e estremece. O sangue não é dele. O sangue não é da mulher. E ele treme, chora e estremece.

Que visão horrível! Que visão horrível para a pequena. Os homens não choram. Os homens não deviam chorar. Quando um homem chora, as coisas não têm volta a dar. Quando um homem chora, faz-lhe o coração chorar. E o seu pequeno coração chora, chora lágrimas de sangue pelas lágrimas salgadas do homem.



Pulga

DG - Doce Galdeio...

Chuva, vento, frio, gelam a chapa branca.
Lá dentro o ambiente é tão quente que custa a crer no frio que os olhos enxergam pelo vidro salpicado.
O vermelho pare o verde ou o vermelho brota do verde, isto tudo sobre o amarelo nebuloso dum manto de névoa que se dispersa à passagem.
Cabras em rebanho deambulam sob os olhos cansados e atentos duma senhora de lenço à cabeça.
Cipestres em soturno colóquio abrigam fetos em sono profundo.
Lúgubre nevoeiro adocica a beleza das serras que a chuva (re)baptiza. Envolve-as e envolve-os, dois num carro. Dois em passeio, dois em doce galdeio.
Água que brota da pedra, verde abraçando o granito, Vida jorrando a cada encosta.
A Natureza, engalanada, sai do misterioso nevoeiro, envolta em xailes "arcoíricos", de verdes amarelados, de castanhos avermelhados, até ao laranja vivo.
O carro vai parando, os seus olhos vão-se deslumbrando, as rochas vão escorregando sob as solas de borracha, a máquina vai disparando.
Eles vão rindo e falando, eles vão olhando, vendo, exultando a beleza da água que talha a montanha, numa queda sem fim, numa queda jasmim, da água em baque contra a rocha, espalhando gotículas pelo ar, num nevoeiro semelhante ao d'onde saíram.
Manta às flores pelas costas, ela protege o pescoço do frio nocturno que as rabanadas de vento anunciam. Tantas são as cores da manta como tantas são as imagens que guarda de hoje na mente, no Coração:

maior orgulho Padrinho!























































































Borrega

Créditos:
Fotos: Nuno Reis (todos os direitos reservados)
Música: Incubus

Local: Alvão
Jantar: Kebab!
P.S.- Muito obrigada aos cães!!!

dezembro 20, 2009

Looking for ...



" Look, in my opinion, the best thing you can do is find a person who loves you for exactly what you are. Good mood, bad mood, ugly, pretty, handsome, what have you, the right person is still going to think the sun shines out your ass. That's the kind of person that's worth sticking with. "

Borrega



Créditos:

Música:
Janis Joplin - "Me and Bobby McGee
"
Ben Harper - "Sexual Healing"

Imagem:
do filme Love Actually
Citação:
do filme Juno

dezembro 16, 2009

Noite em Branco


Numa cozinha que não é a deles estão um Ilhéu (aka: ET) e uma Borrega (aka: eu!). Completamente pedrados pelo sono e pelo cansaço, tentam fazer o trabalho de estágio.
Subitamente um luz brilhantemente extenuada acendeu-se na minha cabeça e, a partir daí, a cozinha do 4º piso nunca mais foi a mesma:

2.30h: Em 1995 não existiu qualquer caso de brucelose nos Açores, foi aí que as vacas proliferaram e passou a haver uma para cada 2 habitantes. (by me and ET)
3.00h: Jamais acontecerá, somos demasiado dispares. (Ilhéu tu percebes)
3.30h: Na Madeira não houve casos de brucelose entre 94 e 98. Isto porquê?
Porque o Alberto João mandou as ovelhas todas para os cubanos.
3.46h: Afinal há brucelose na Madeira, a dos camelos! Aquilo é uma República das Bananas, tem de ter camelos!!!!!
3.48h: O "aborto mal feito" vai morrer de brucella abortus!
3.50h: Borrega retalia agressão do Ilhéu (voa H2O!!)
3.51h: "Agora que estás molhado peço-te aquilo que quiser!" (me to ET)
3.55h: "Nunca porias em causa a nossa amizade!" (eu, chocada para o ET, após alguma baboseira que ele proferiu!)
3.57h: Ilhéu tenta ser Alberto João, pois quer manipular meios de comunicação locais (aka: Zoo.Lógico)
3.59h: Cá no continente os casos de brucelose são em maior número... "Será resistência à terapêutica? (...) Mas cá também há resistência às vacas!" (by ET)
4.00h: Eu, completamente debruçada sobre a mesa, com a cabeça enterrada nos braços, proclamo, em voz arrastad(íssim)a: Sou um peixinho!
4.03h: ET/Ilhéu tem dificuldade em distinguir pernas, mas o Chuck Norris lê braille!
4.04h: Conclui-se o meu génio, tendo em conta que a previsão feita entre as 2.30h e as 3h se concretizou: a Pulga chegou e realmente nunca mais trabalhamos.
4.05h: A secretária (aka: Pulga) tem sempre razão.
4.07h: Deus está de folga e o Chuck Norris não está cá.
4.09h: Sérgio Amorim poderá ser um coelho branco.
4.15h: Descemos as escadas. Ouve-se um barulho branco.
(#música de suspense#)
Indivíduos voltam-se para ver o que é: FINALMENTE ESTÁ A NEVAR!!!!

LET IT SNOW

Borrega

P.S.- 4.20h às 5.00h: três pares de pegadas assombram o Parque Corgo!

Créditos:

Participação especial:
Pulga e ET
Música: Ella Fitzgerald - "Let it Snow"
Imagem:
Marilyn Monroe



Just to say...



“- Don’t use words that you don’t understand.

- You love him.

- Don’t use words that I don’t understand.”






Pulga

dezembro 14, 2009

Tela

Abre a porta do quarto que lhe serve d'estúdio. Pega num cavalete, numa tela branca, paleta, guaches.
Traz tudo duma braçada só e fixa-se na cozinha, onde ela ontem dançou ao ritmo dos cozinhados que fez para eles. Monta o cavalete de maneira a encarar a janela e a ver o mar que se estende até ao sol nascente. Paleta em cima da mesa mistura magenta e amarelo, pega no branco e no preto e cria um degradé de vermelhos.
Encara a mesa. Lembra-a ontem, já desnuda do jantar. Ele, pacientemente sentado numa cadeira, via-a lavar a loiça. Mas é mais forte que a paciência, aquela vontade dela, é mais forte que ele. Pega-a pela cintura, cinge-a a ele. Quebram na mesa, desenha-lhe o corpo com as pontas dos dedos...
Sacode a cabeça. Passa o dedo na paleta. Desenha com as pontas dos dedos o corpo dela na tela.
Lá fora a esfera vermelha (re)nasce, pintando-a de vermelho sobre os lençóis.

"She dreams in color, she dreams in red..."

Borrega

Créditos:
Música:
Pearl Jam - "Betterman"
Imagem: daqui

dezembro 13, 2009

Acções vs Palavras

Que me beijes enquanto me dizes que te vais embora.

Que me agarres enquanto me dizes que te vais embora.

Que me aconchegues enquanto me dizes que te vais embora.

Que me aqueças enquanto me dizes que te vais embora.

Que te deites ao meu lado, na minha cama, enquanto me dizes que te vais embora.

Que arranjes motivos para me veres enquanto me dizes que te vais embora.



Porque são as tuas acções que fazem de ti o homem que és, e não as tuas palavras.

[E assim, também eu posso acreditar que ficarás para sempre.]



Pulga

dezembro 10, 2009

Nua

Nua...
Completamente nua...
Ao relento no telhado.
Nua..
Totalmente nua...
Pela lua contemplada.
Nua...
Pele morena, com pêlos eriçados.
Inteiramente nua...
Corpo tiritando de frio.
Nua...
Desesperadamente nua...
E nem roupa lhe bastaria para se cobrir,
E nem roupa a aqueceria...
Nua...
E, a cada soluçar, mais nua...
Desconcertantemente nua...
Alma em pêlo, de dentes rangendo...
Mendiga nua por um abraço...
Indigente por um toque...
A pequena não está sem roupa,
Não está descoberta,
Está nua! Nua!
Nua, no telhado, com a pele sendo mordiscada pelo vento abutrico da noite.
Nua, cá do alto, contemplando as luzes e os carros que passam.
Nua...
Crua...
Fria...
Nua...
Na ventania.
Estrelas, em uníssono, brilham:
Nua!
Hoje custa-lhe mais estar nua.
Contudo, não geme, não uiva.
As lágrimas só lhe porão a pele mais suculenta aos olhos do vento.
Nua...
As árvores mandam folhas em auxílio,
Para lhe serem cobertor naquele exílio, naquela vigília.
E pela noite alguém [há-de] caminha[r]...
Com a mais doce e bela seda nos braços,
Com a mais quente e fofa lã no regaço.
Segue as folhas para descobrir
Nua lá está
Esperando alguém chegar...
Nua ao luar...

Borrega

dezembro 09, 2009

Rifa-se um coração (quase) novo#2

"Todos os dias, quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor..."
(Clarice Lispector)


Localização: Do lado esquerdo

(***)

Oriana já não tinha uma noite destas há algum tempo. Ele não lhe saía da cabeça, não lhe dava descanso. Ela queria dormir e as imagens dele, o cheiro, a lembrança do toque, não a deixavam.
Oriana é meia concha apertando o seu Coraçãozinho de madrepérola que, a cada lembrança daquele olhar luz, bate em espasmos electrizados.
Lá o acalma com doces afagos, perscruta-lhe as cicatrizes, estão mais saradas. Está bonito, mais crescidito, vigoroso.
Revira-se, volta a revirar-se e, mais umas quantas reviravoltas depois, volta à posição inicial.
- Que raio anseio eu? - pergunta ao ar, pois sabe a resposta.
- Um abraço, um abraço transversal, um que te toque a alma, um que me afague a mim e te deixe fazer o mesmo. - responde-lhe o Coração.
- Dorido? - atira, mudando a direcção.
- Cativado. - reencarrilha-a o Coração.
Suspira.
Esboça um sorriso d'olhos brilhando no escuro.

Acorda meio desnorteada, meio desiludida, abraçando uma almofada.
Maldito despertador, há meio minuto atrás dormia abraçando-o, com a certeza dos olhos luz abrindo para o novo dia sincronizados com os dela.
Suspira.
Oriana e as lembranças d'olhos luz.
Oriana e as lembranças que lhe atravessam o sono.

Oriana...

Borrega

Créditos:
Música:
Incubus - "Dig"

dezembro 08, 2009

Todos somos dependentes de algo

Vivemos dependentes,
Detestamos a mudança
Mas queremos ir sempre mais longe
Sofremos com a adaptação, questionamos,
Negamos, sofremos, olhamos para trás, crescemos e desejamos muitas vezes não o fazer. No fundo desde que nascemos até morrer cavamos a nossa propria campa até chegar o dia de em que nos iremos deitar nela.
Somos um ser estranho... E cavamos a campa do mundo com a nossa...




Será que algum dia iremos mudar?


Alegria

Amarras

"I've made a promise..."
(Edward Cullen, in Midnight Sun)



Era uma vez...
Há muito, muito tempo...
Não foi assim há tanto, mas a poeira anti-algica do tempo faz com que assim pareça, então:
Há muito, muito tempo...
Fiz uma promessa.
Noites insuportáveis, dias voláteis, instáveis:
Tens-me assombrado.
És como alma penada que grita por ajuda exasperada!
Perdeste-te, reverteste-te, descaracterizaste-te...
Neste momento deves encontrar-te desprovido de quase tudo o que amei.
Mas (há sempre um "Mas"), és causa perdida, minha droga por excelência.
Porque raio não faço como a maioria das pessoas que, vendo uma causa perdida, caminha na direcção oposta?
Eu não, eu corro para ela, atiro-me com unhas e dentes.
Voltaste-me costas e eu fiz-te o mesmo, disfarçaste com palavras vãs e eu disfarcei acreditando nelas.
Afastamo-nos.
Agora aí estás tu, à beira do precipício, em oscilações perigosas rumo ao abismo.
Eu, louca excêntrica, criança crente em promessas passadas, corro para ti e hei-de me esfarrapar toda para te tirar daí.
Era uma vez... [com um "felizes para sempre" muito ortodoxo.]

"I've made a promise..."

Borrega

Epifania do dia


O homem é denotação, a mulher conotação.
(e se calhar não é assim tão linear...)

Borrega

dezembro 07, 2009

Perfeição

"-Perfeito! - sussurra estarrecida, vencida, rendida aquele amor imenso.
- Graças a ti. - retribui-lhe ele num sibilo abafado, sufocado naquela necessidade imensa dela."

O que é a perfeição?
Na cabeça aquele diálogo passa vezes sem conta, mantendo-a de olhos abertos, vidrados, perdidos, moídos...
Coração aperta, fica pequenino.
O que é a perfeição senão a aceitação do outro, o achar cada detalhe imperfeito, perfeito...
O que é a perfeição senão nu corpo imperfeito, alma incoerente, senão alguém se dando como nunca?
O que é a perfeição senão a idolatração do imperfeito?
O que é a perfeição senão um [im]perfeito: amo-te...
O que é a perfeição?
Tenta dormir...
O que é a perfeição?
Revira-se na cama e anseia resposta.
O que é a perfeição?
Olha a calma noite caída no quarto, respira fundo.
- Seja o que for, amo-a pelo que é.
Adormece.






«I need some sleep.
I can’t go on like this.
I try counting sheep,
But there’s one I always miss.

Everyone says I’m getting down too low
Everyone says: "You just gotta let it go"»

Borrega

Créditos:
Música:
Eels - "I need some sleep"
Imagem: daqui

dezembro 05, 2009

Canção de Embalar



De cabeça apoiada nos joelhos dele, ela ouve a melhor canção de embalar, a mais rara e mais bonita de se ouvir. As conversas deles, em voz grave e melódica, com acordes que até nos risos são reconhecíveis. Não a cantam para mais ninguém, cantam-na para ela, que de olhos fechados está apoiada nos joelhos dele. Cantam-na inconscientemente, cantam uma canção sem fim.


Relembram-na de como é ser pequena, mostram-lhe como é ser a pequena deles. Mostram-lhe que os monstros debaixo da cama nunca existiram, e de que dos verdadeiros ela não tem nada que temer, eles estão ali, a cantar-lhe a sua canção de embalar.


Em braços, um pega nela, outro apara-lhe a cabeça. Adormeceu e nem deu por isso. Adormeceu e com todo o cuidado eles levam a sua pequena à sua pequena cama, e afastam-se entre risos. Adormeceu, mas assim que a sua música parou ela acordou.

Pulga

dezembro 04, 2009

A pedido de muitas famílias (read as: Cristina!)...

... e porque eu e a Pulga estamos sobre o "signo" do Coelho Branco:

"Eu sou o Winnie the Pooh e gosto de White Bunnies, they [freaking!] rock!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

Borrega

dezembro 01, 2009

Christmas time :D

Faltam 23 dias e 22 horas e 32 minutos para o Natal !

Seguindo para a juicy parte, querido Pai Natal [aka Borrega] este ano
portei-me mesmo, mesmo, mas mesmo bem ! Ajudei velhinhas a atravessar a estrada, angariei dinheiro para ajudar os mais necessitados, trabalhei arduamente em defender os direitos dos que não conseguem erguer a sua palavra àqueles que fazem ouvidos moucos, e depois de bater com a cabeça na mesinha de cabeceira, acordei .
Portanto, este ano tenho só alguns pedidos singelos:





e/ou







[Paul Wesley]






[Jared Padalecki e Jensen Ackles]


Podem vir embrulhados da maneira que preferires. :D
A recompensa será depois discutida.
Sem outro assunto e com os melhores cumprimentos,

Pulga

Dear Santa [read as: Dear Pulga]

É NATAL!!!!!! NATAL!!!!
A Popota e a Leopoldina já andam em strip, peço desculpa, desfile pelas tv's nacionais!
Já vos disse que é NATAL!
Pai Natal [Pulga], portei-me muito bem e com prenda quero:

LEXI [Arielle Kebbel]



and






WHITE BUNNIES!










Borrega

novembro 27, 2009

Rain

A menina corre em direcção ao seu miradouro, relva molhada sob as solas.
Olha, contempla, ri.
E um candeeiro acende, ilumina-lhe a mente, arranca-lhe um sorriso escancarado.
Meia luz tepidamente quente alumia os corpos, reluz nas costas dele, que, caído, repousa no peito dela. As mãos dela deslizam-lhe pelas costas suadas, beijando-lhas com as pontas dos dedos.
Quão bom é estar assim.
Taquicardias.
O menino sai debaixo do abrigo, caminha para céu aberto, braços escancarados, rodopia tentando prever quando parará de chover.
Olhando pela janela, por entre as frestas da chuva imensa, ela tenta ver um par de meninos de mãos dadas caminhando pela(s) estrada(s).


(***)

"Look at the stars,
Look how they shine for you,

And everything you do,

Yeah they were all yellow,

I came along
I wrote a song for you

And all the things you do

And it was called yellow"


Borrega

Créditos:
Música:
Guano Apes - "Rain"
Coldplay - "Yellow"

Imagem: daqui

novembro 26, 2009

Actualidade(s).Realidade(s)

Há pessoas que nos "dão" outras pessoas...
Há momentos que nos "dão" [e marcam] pessoas...
E depois há a Vida...
Ela "dá-nos" pessoas...
E ainda melhor, por vezes, ela torna-se pessoa.


As correntes podem arrastar-nos, podem distender o aperto das nossas mãos, mas não te largo da mão, recuso-me: não vou largar a minha vida da mão!

AMO.TE

"She's my person.
If I murdered someone she'd be the person I'd call
to help me drag the corpse across the living room."
(Cristina Yang, Grey's Anatomy 3.16)















Borrega
"Graceless lady, you know who I am
You know I can't let you slide through my hands"
(The Rolling Stones - Wild Horses)

Posso?


Posso ir-me embora? Posso agir como se não me importasse? Posso pôr-te de joelhos enquanto me imploras para ficar? Posso pôr-te a chorar? Posso? Porque no final é assim que ficarás enquanto eu caminhar para longe. E é de longe que estarei a assistir e a debater-me se deverei ou não envolver-te apenas para teres uma presença física. Só para saberes que já não estou lá como estava, só para saberes que já não sou quem era para ti, mas mesmo assim ainda te abraço e te consolo.
"Take your hand and walk away"
Lonely Day - System Of A Down

Pulga

novembro 23, 2009

Destino



"Sou basicamente aquilo que vêm em mim - sorrisos e brilho nos olhos. Acreditam? Pois se acreditarem não são mais que enormes ignorantes, ou extremamente inocentes. Acredito mais na primeira opção, pois nem quem nos fez o foi, e o Mundo tira qualquer réstia de pureza.
Pois bem, sou mais que sorrisos e brilho nos olhos. O brilho já quase se eclipsou com a desilusão e os sorrisos já são automáticos sem qualquer sentimento. São mais as preocupações que me fazem. Não são problemas sérios, são aqueles que arrasto por anos, aqueles que outro alguém teria resolvido numa questão de minutos. Portanto, hoje é um grande dia a presenciar, pois hoje... Hoje é o dia em que todos os problemas são resolvidos...", escreveu ela. Ergueu-se e dirigiu-se ao ombral, encostou-se. Vestida de branco quase se camuflava com as paredes. Esticou os braços, com um banque surdo o lápis caiu-lhe da mão, e ela começou numa corrida desenfreada. E então... Saltou. Saltou para o nada, saltou para ninguém."


- NÃO! Ela não pode saltar !
- Ora, porque não?
- Nenhum problema se resolve assim! Nunca ouviste que "podes fugir, mas não te podes esconder" ?
- Verdade... E então que tal...


E lá estava ela, por um fio, com o seu destino a ser discutido por duas crianças num pedaço de papel. E lá estavam eles a discutir a vida dela como se de qualquer outra personagem ficcional se tratasse. E nenhum deles tinha a mais plena noção.
Pulga

Casinha de chocolate


Ouve o costumeiro "click" da velha fechadura a anunciar que a porta está aberta.
Tem o cheiro do tabaco emaranhado na roupa, o dele entranhado no corpo. Na boca o agridoce travo da amêndoa amarga.
Outro "click", porta trancada, pendura as chaves no sitio do costume, deixa a mala sobre a mesinha do hall. A roupa vai sendo deixada pelo caminho, como um rasto para que Gretel possa encontrar a saída do seu pequeno cubículo aconchegante.
Chega já nua à aparelhagem, enche o quarto com o som daquela voz, com aquele sotaque dum inglês particular, um inglês com cunho d'autenticidade. Balança numa dança sozinha, encaminhando-se para a cama, puxa os lençóis para traz e deita-se.
Olhos perdidos encaram o tecto, pintando-o ao som da música e de todos os pensamentos que a assaltam, por mais banais, por mais insignificantes que sejam.
Disseca, elaciona, equaciona, interioriza.
Oriana respira fundo, suspira com força.
Demasiado entranhado, pensa.
O gato, que por ali cirandava, como que percebendo-a carente, aninha-se-lhe no peito.
Afaga-o, agradecendo-lhe.
Fecha os olhos embalados pela promessa que a música apregoa à noite:
"Wild horses couldn't drag me away
Wild, wild horses, we'll ride them some day"

Adormece, só, na sua casinha de chocolate.

Oriana...

Borrega
Créditos:
Música:
Rolling Stones - "Wild Horses"

Post-it amarelo#1

novembro 17, 2009

Histórias de lareira

Pega-a no colo.
Até parece fácil, apesar de ser pouco mais pesado que ela.
Aperta-a bem contra o peito e ela reconforta-se com aquele tamborilar incessante e vigoroso do coração dele.
O sofá está perdido olhando as crepitantes labaredas da lareira e chama-os para se lhe juntarem.
Ele, como se ela fosse porcelana, senta-se cuidadoso. Ela torna as pernas dele almofada e estende-se, na sua pequenez, pelo sofá.
Ele pega num livro e começa a lê-lo.
A voz dele acaricia-lhe os ouvidos, mima-lhe a alma, então Oriana ri, com um dos seus sorrisos de criança feliz, ouvindo história d'encantar.

Oriana...

Borrega

Créditos:
Imagem:
daqui

novembro 15, 2009

"Quanto é que dura para sempre?"

"Que seja eterno enquanto dure."
Vinicius de Moraes



"- Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços.
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo. Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol."


"O essencial é invisível aos olhos."

Borrega

P.S.- Aos meus laços...
(Um dia, eu e a Sofia vamos ler "O Principezinho" juntas!)

Créditos:
Livro:
"O Principezinho", Antoine de Saint-Exupéry
Titulo: by Karina
Imagem: Leandro Oliveira

novembro 14, 2009

A menina dança?


Estava na sua quietude naquele monte desarrumado. Seleccionou as músicas e colocou-as no máximo, e num piscar de olhos, ela e as coisas, as coisas e ela dançavam pelo quarto fora.


Não sabe a razão de tanto entusiasmo, mas que seja, que exista, é sempre mais bem-vindo do que a tristeza. Os sapatos nunca foram precisos para dançar, dança descalça que foi assim que aprendeu sozinha, é assim que se sente mais feliz e livre.


A música parou, ela pára para descansar um pouco. De repente a sua inocência está de regresso enquanto ela volta a subir para cima da cama.


E quando batem á porta e ela responde com o seu ‘Sim?’ alegre, entra o seu cavalheiro e pergunta-lhe: ‘A menina dança?



Pulga

novembro 13, 2009

Porque ficas?

O espelho foi rachado por um pequeno punho, agora em sangue.
Toalha enrolada na mão, Oriana olha-se agora nele, apesar das rachas.

- Porque ficas? Porque te dás em proporções desmedidas? Porque não te compreendem? Porque não te estendem a mão a tempo? Porque te deixam cair?


Respira fundo.

- Porque erras? Porque magoas? Porque desiludes?

Um gemido corta o ar. Sangra agora da outra mão, o espelho jaz em cacos pelo chão.
E escorregando pela parede abaixo, Oriana olha-se pelo que sobra.



Oriana...

Borrega
Créditos:
Imagem:
Drew Barrymore

novembro 09, 2009

Valeta

E, numa valeta imunda, duma rua cheia de gente demasiado cheia de si para a ver, ela está caída.
Maltratada, abandonada, espancada.
Corpo caído, o longo cabelo por todos sendo pisado.
Alma maculada de nódoas negras.
Nódoas negras deixadas pelas palavras vis que lhe disseste e que foram como murros.
Caída, esvai-se em sangue e ninguém vê, ninguém estende a mão e a levanta do chão.
No chão, na valeta imunda, a água castanha é tingida de vermelho.
Abandonada, deixada ali só, sem maneira de estancar aquela hemorragia.
Caída, pobre moça, dói, agonia...
Dor pungente, pontadas dilacerantes.



E, numa valeta imunda, duma rua cheia de gente cega, ela jaz.
Já está fria, já passou.

Borrega

Créditos:
Imagem:
daqui

novembro 08, 2009

Trocada por uma Ambulância xD

Em honra duma Amiga...


"Eu não quero saber da intimidade dele, só quero come-lo."
(pela mesma Amiga, em relação a um churro)


- Troca-me assim por uma ambulância! Eu não posso competir com ela.
- Realmente, ela tem muito mais curvas e é mais veloz. Ah, e tem 4 rodas!!!! Não tens hipóteses.

Borrega
(e com amigas como eu é assim xD)

Créditos:
@SãoMartinho'09



Post-it cor-de-rosa#3

novembro 07, 2009

Anywhere... far away from here

Naquele casa tenebrosa escutava-se apenas o barulho da água a correr e o choro da mulher mergulhada na banheira.
Aquela casa tenebrosa, naquela terra de normas e gente obsoleta, faz-lhe tolher a alma e o discernimento.
Aquele maldito sitio dá-lhe cabo dos nervos, turva-lhe a vista de lágrimas, adensa-lhe a imaturidade pungente.


Naquela casa tenebrosa escutava-se apenas a mulher a chorar, ferida, magoada por ter de magoar.

Borrega

Hey Dear God! Can you hear me? It's me...

A canção outonal que reina lá fora é de um vento frio, nostálgico, triste.
Eu estou na cozinha, entretida com tudo e com nada, cismando comigo mesma, batendo com a cabeça, reflectindo.
Apetece-me descomunalmente algo que não sei o que é! Lá ando eu com esta necessidade de algo que não tenho, mas que também não sei bem o que é.
Sou, talvez um pouco ingrata, sou humana. Já sabes como somos, orgulhosos ingratos com a mania que sabemos tudo.
Vou apaziguar os ânimos com um banho de emersão ao som da tua guitarra d'Outono, ao ritmo das tuas vermelhas folhas a beijarem o chão.
Talvez o pôr do sol m'aqueça a alma, talvez ela lembre, talvez ela esqueça, talvez perceba, talvez adormeça.

Borrega

Créditos:
Título:
by Pulga
Música: qualquer uma com a voz de Bob Dylan

Post-it cor-de-rosa#2

Isn't it ironic#2


É assim muito mórbido e mau que eu esteja mortinha por ver as pessoas no centro de saúde?
É assim muito mau da minha parte?
Como diz a Lilly, qualquer dia é ver-me, de guarda-chuva, à chegar de mansinho à beira das pessoas e a rasteira-las.
E prontos, passo os dias a desejar enchentes tipo tsunami no CS de Santa Marta!

Borrega
Créditos:
Imagem: Hugh Laurie

novembro 03, 2009

Delineando (in)definições

"Semeia um acto, e colhes um hábito. Semeia um hábito, e colhes um carácter. Semeia um carácter, e colhes um destino."
(Charles Reade)

*****

Perco-me nos contornos indefinidos dos minutos, das horas, dos dias, dos meses, dos anos que passam.
Todos eles, de lápis e borracha, de régua, esquadro e compasso em punho, vão modelando e recriando os meus contornos.
Uns ampliam-me, outros reduzem-me. Uns põem-me duma rectidão extrema, outros numa elíptica de cores, na maioria a preto e branco, talvez com uma pitada de cinzento.
E assim vou andando, aos altos e baixos, por rectas, rotundas, curvas sinuosas.
Cirando por aqui e por ali, toco outros limites, outros contornos, as minhas ferramentas de desenho, por vezes, entretêm-se a marca-los.
Acho-me na indefinição das linhas do meu carácter, do qual afirmo o que não sou, o qual alimento de quedas e mais quedas, de me levantar e continuar, umas vezes com mais e outras com menos vontade.
Conheço-me pela verdade dos irregulares contornos das minhas lágrimas, pelo curvilíneo sorriso de criança.
Conheço-me pela alma que me espreita pelos olhos.
Cirandando lá vou caminhando, lá vou tentando, de lápis e borracha na mão, desenhar o meu mundo, pintá-lo a mais do que preto, branco e cinzento.
Dou-lhe cor a alma, dou-lhe cor a risos, dou-lhe cor a Vida.
De lápis e borracha delineio o completo infinito indefinido que sou.

Borrega

Post-it cor-de-rosa

novembro 01, 2009

"I feel the need..."


Elas deitam-se em sentidos oposto naquele chão que todos pisam.
Elevam-se.
São pontes.
São passagens, tal como o chão d'onde se ergueram.
Naqueles corpos e naquelas almas que se contam e contam pessoas.
E durante aquele punhado de segundos que, no máximo, se resumirão a um minuto, os seus caracóis beijam o chão que todos pisam e chamam-lhe de céu, e ela é livre.
Já que ela, puxando os músculos ao limite, apenas tenta chegar mais a cima, parecer mais uma ponte, uma passagem.
Já que ela só quer chegar aquela imagem da menina redondinha de bochechas coradas a saltar para o colo do Pai.
Já que ela só quer continuar a agarrar esta imagem de infância, com ela do lado, deitada no sentido oposto, tenham 8 ou 80...
Porque para muitos é chão, para elas é passagem!

Borrega


Créditos:
Filme:
"As minhas adoráveis ex-namoradas"
Música: "I don't want to talk about it"

Título: inspirado numa frase do filme "Top Gun": "I feel the need... The need for speed!"