“ Já fez um ano, lembraste-te? Eu lembrei-me, mas mais ninguém falou nisso e eu agi como se nada tivesse acontecido. Nem uma lágrima derramei, acreditas? Mas hoje fui lá de propósito, fui ao sítio onde tudo começou, e lá estava a árvore junto à qual me deste a mão, e a carrinha branca atrás da qual te declaraste. E ainda que estivesse tudo igual, faltavas tu e eu não chorei. Ena! Um ano. Consegues acreditar? Lembro-me tão bem de como me abandonaste na chuva. Que irónico. Hoje também chove. E o que senti junto aquele sítio foi o mesmo que senti quando saí do carro – nada. Um ano. Não. Um ano e qualquer coisa. Ena. Mas sabes que mais? Acho que cresci, e por isso, obrigada. “
Não percorre a lista telefónica, ainda se lembra do número de cor e salteado. Também não espera resposta, mas tinha de lhe dizer. É verdade que mentira, não foi ele que a fez crescer, foram os portos de abrigo que ela descobrira depois, mas mesmo assim teve de lhe dizer. Apatia é só um sentimento, mas ela prefere desperdiçar o mesmo ao sentir-se só feliz.
Pulga
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