Os meus míopes olhos esforçam-se por ver através do vidro repleto de gotas que se abraçam para combater o frio externo.
Teimam em não ser neve.
A água estende-se quase até beijar o horizonte. Uma ilha divaga naufraga contemplada pela multidão de pinheiros circundantes.
Uns dedos tamborilam sobre o tampo da calma mesa dum café...
Um coração dá um pequeno baque instintivo, estende a mão...
O céu lava mágoas, começa lento, agora a chuva bate forte no vidro...
E neste frio chuvoso movido a ventos cortantes, a poetisa, que se acalma com dedos a tamborilarem-lhe a mão, que se acalma a bater tabaco, entoa o seguinte pranto:
"Talvez...
Talvez, um dia, grita a pequena que se sente desamparada.
Talvez...
Talvez, um dia, o sol gire em torno da terra e não o contrário.
Talvez um dia...
Talvez...
Eu te beije de surpresa...
Um dia,
Talvez...
Tu me queiras...
Talvez...
Um dia eu possa correr livre por um prado arcoírico de cravos desabrochados...
Um dia...
Quem sabe...
Talvez..."
Borrega
(04/02/2010)
(04/02/2010)
Créditos:
Inspiração e paz: Alvão
Imagem: daqui
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