Pela enésima vez o telemóvel toca, e pela enésima vez ela desliga-o. À que saber desligar o telefone.
De mansinho ele enfia-se novamente na cama, mas ela sabe o quão nervoso está. Levantou-se ainda não se via o sol pelos estores, sabiamente deixados entreabertos.
Colocou o braço por detrás dela para parecer descontraído, relaxado, mas não a consegue enganar, e está consciente disso. E ela conseguia cheirar-lhe o café na ponta dos dedos, a manteiga na palma da mão, o leite que lhe queimou o pulso e o pão torrado.
O telefone toca pela enésima primeira vez. Ela volta a desligar, ainda não está na altura de atender. Ele olha de soslaio para o telefone, infelizmente é orgulhoso demais para falar. É orgulhoso demais para lhe dizer que tem medo que tal como ontem, amanhã ela pode não estar por cima do braço dele.
Então ergue-se novamente, e caminha.
[Vai-lhe buscar o pequeno-almoço.]
Pulga
Título: ‘Breakfast After Ten’ – Blue October
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