abril 30, 2009

"Trusting fool"

"He's a trusting fool. He'll believe me."
Will Scarlett (Robin Hood: Prince of Thieves)

Eu sou uma tola confiante. Escolho as pessoas em quem confio, mas no fim de escolher entrego-me, não penso mais. Confio, conto com as pessoas e partilho com elas pedaços de mim. É tão mais bonito quando somos feitos de remendos, pedaços que trocamos com essas pessoas.
Os pontos dos meus remendos doem, doem tanto! Será da humidade? Do frio? Ou porque esta minha confiança que retalho e ofereço não me dadda de volta com a mesma intensidade?
Os meus pontos doem, preciso de os untar com o betadine da amizade, dos sorrisos e das confidências. Resta saber onde anda quem me os dê!




"And with a sad heart I say bye to you and wave"
(Blue October - Hate Me)






Borrega

abril 29, 2009

ChEiRo*

Oriana deixa a toalha pendurada no sítio do costume, abre as torneiras e tempera a água. Precisa daquele banho, precisa desesperadamente daquele banho. Tem aquele cheiro entranhado na pele, na roupa, no cabelo, na memória... O cheiro da saudade.
As lágrimas escorrem pela cara redonda, tal como o seu longo cabelo pelas costas. Ferve, tem esperanças de acabar com o cheiro assim, queimando-o...
Fica ali tanto tempo que perde a noção da realidade, que perde a noção de si, do quanto chora e soluça, até que, exausta e vencida, sai e enrola-se na toalha.
Seca fastidiosamente cada centímetro da pele morena, cada fio do longo cabelo. Volta ao quarto, deitasse, ainda cheira a saudade, um cheiro pungente, agridoce. Volta a chorar. Tal como ontem, vai adormecer exausta de tanto chorar, vai acordar durante a noite, vai chorar e voltar a adormecer vezes sem conta.
De manhã, outro banho e bastante corrector de olheiras pô-la-ão aceitável.
Será que ninguém vê por de trás da maquilhagem???
Está um trapo, um trapo esfarrapado e impregnado daquele cheiro saudosista...

Oriana...
Borrega
P.S.- To my sis'

abril 28, 2009

Time to change some stuff...



"Waiting.... waiting.... waiting.... waiting....
Waiting for you to - come along
Waiting for you to - hear my song
Waiting for you to - come along
Waiting for you to - tell me what went wrong"




Borrega
Créditos: Patti Smith na foto e "Waiting for the sun" dos Doors com banda sonora....

abril 27, 2009

Preâmbulo

"Sabes porque custa tanto acordar com alguém?" - perguntou-lhe ela.
Ao que a amiga, sem perceber o rumo que a brincadeira inicial tomara na mente dela, lhe respondeu: "Não."
"Porque tens de olhar na cara da outra pessoa."
"E isso é mau?" - indagou, perdida...
" Quando olhas na cara da outra pessoa e ela não te diz nada, não percebes o porquê de ali estares e te sentes vazia, desprovida de tudo, até de ti mesma, é."
Remoeu a afirmação, engoliu-a e disse: "Já te sentiste assim?"
"Nunca..."

Borrega


P.S.- Quase gomo... este é-te dedicado...

Cortar...

... os fios que me mantêm os lábios alinhavados e gritar por ajuda. Se não o fizer, temo que me afogue em mim própria...

Borrega

Nota: Patti Smith na foto

P.S. - Tens razão, eu não falo. Mas senão o faço contigo, definitivamente não o faço com qualquer outra pessoa.

abril 26, 2009

Feelings... Confusion... Pain... Anger... Hopes... Revelations...

Sentimentos demais... Tempo a menos para pensar neles... Uma pausa no estudo... Uma imagem que me inspira...
Borrega
Nota: Patti Smith na imagem

"The world is full of adventures...


walking on one foot"*

* ["O mundo é cheio de aventuras... andando num só pé"]
Pulga

"Bandido Clandestino"


"O tempo, esse bandido clandestino
Salteador de estradas e memórias
Mistura numa névoa libertino
O passado e o futuro das histórias."



Esmagada, aliás devorada. Chronos vai arrancando um pedaço desta sua filha, todos os dias desta espera interminável para que isto acabe.
Ele é inevitável e imprevisível, o tempo. Umas vezes tão rápido, outras tão lento, mas sempre numa razão inversamente proporcional à nossa ansiedade. Sempre a gozar connosco, mostrando a sua superioridade e irreversibilidade.
Neste momento só lhe rogo para que corra e ele, quanto mais desesperada a minha prece é, mais coxo corre...
Estou presa neste quase pesadelo, criado pelo minha própria inconsciência e ninguém me salva e ninguém me vê senão ele. Ele que impreterivelmente passa para me esmagar mais um pouco nesta espera, ele que passa para me devorar mais um pedaço... Leva sempre os mais doces de mim, estou a ficar azeda...
Chronos passa, o mundo gira, pula e avança. O que me faz estar perdida e de rastos hoje será insignificante amanhã... Quando ele voltar para troçar desta pobre filha perdida, se tiver forças, dir-lhe-ei que não vale nada!


"O tempo que se esconde de emboscada
O tempo que te foge a sete pés
O tempo que no fim não vale nada."



Borrega

abril 25, 2009

Desabafo nervoso

Nervoso miúdinho, medos infundados, ou pelos menos espero que sejam...

Um aperto no peito, uma angústia que brota. Talvez logo à noite passe, talvez logo acalme.
Burrice e erros que errantes me preseguem, noites mal dormidas, sonhos agoirentos e maus presságios. Tudo está a esvair-se, tudo de bom, aquela sensação de leveza, aquela auto-confiança, sucumbindo a esta angústia da qual a única culpada sou eu!
Se pudesse voltar atrás... NÃO! Não, hoje tenho de respirar fundo vezes sem conta e aclamar. Hoje não vou chorar, vou sorrir como ontem!





Borrega
P.S.- I need you... I need you to still walk beside me, 'cause I don't wanna be alone... "I wanna hold you so much"...

abril 24, 2009

"oh happy day... oh happy day"

Hoje faz sol, vim a pé, sinto-me leve, sinto-me hippie.
Hoje não haviam aulas de manhã, não dormi até tarde, barafestei quando me acordou, mas divertimo-nos no shopping.
Hoje desenhei, ri, cantei, escrevi.
Hoje estava numa leveza sem fim.
Hoje experimentei a farda de estágio, senti-me mais enfermeira e tive medo de errar.
Hoje tive uma excelente aula de anatomia, sistema digestivo, o prof. não nos rebaixou, pelo contrário, parecia contente e explicou.
Hoje estou mais perto do Japão, sou gueixa de pauzinhos no cabelo, búzios pendurados nas pontas, pareço gato com guizo...
Hoje, hoje, hoje... hoje estou feliz!


Borrega


P.S.- Esta quarta foi mesmo um bom dia...=)

abril 21, 2009

Qualidade de Vida...



... é isto que me anda a faltar... Tempo pa ler... Para, pura e simplesmente, nada fazer senão mergulhar na página seguinte de um bom livro...

Borrega

abril 20, 2009

Quando da minha boca brotaram torgas


“ Há muito já que não escrevo um poema
De amor” (...)

A minha voz soa longe, como se estivesse fora de mim. Eu estava de volta àquele momento em que, mucama queda daqueles olhos tão de céu, sentia cada milímetro do meu ser esculpido por um arrepio fervente. As maçãs do meu rosto luziam maduras e no peito sentia um tamborilar vigoroso e ininterrupto. E a minha voz prosseguia:
“ E é aquilo que sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.” (...)
Respirei, as palavras assentavam como uma luva no meu íntimo. Soavam, ainda distantes, mas pesadas, carregadas de tudo o que aquele eco tinha feito ebulir cá dentro... Como estava certo Torga!
“Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor” (...)
Em flash, todos aqueles momentos, bebedeiras de cristal, me correram pela retina e, com intensidade e paixão, proferi:
“... Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor”
As torgas que me brotavam dos lábios cessaram e a viola parou. Por detrás do emaranhado de caracóis, que me protegiam de todos aqueles olhos que eu sabia postos em mim, as rosetas coraram ainda mais. Enquanto ouvia o som da sala agitada, agradeci a Torga o poema que me tinha acabado de cravar na alma, espelhando-a, tão nua, mas tão sincera nas suas palavras que eu acabara de usurpar.


Borrega


P.S.- "I walk beside you"
"This is a dedicatory song"

abril 17, 2009

Gotas


Chove lá fora, chove a potes... Isso chateia-me, não me deixa dormir. Ainda não visitei o meu banco, a Dona Chuva, obstinada donzela, não me tem permitido tal graça...
Minto... Engano-me, ou pelo menos tento... Uso a pobre senhora como desculpa.
Não dormi, é verdade, mas não foi pelo seu som persistente contra a minha janela, mas sim pela ausência dele, pela saudade do seu abraço aconchegante. E, se ainda não me sentei por momentos contigo, se ainda não te visitei meu amigo de tantas tarde, é por pura cobardia minha...
Está a chegar a hora, em breve não mais me puderei sentar contigo, tardes a fio, sozinhos entre as árvores e os carros atarefados que passam na estrada em frente, viajando pelos meus pensamentos sem rumo. É por isso que não te visito, não é a Senhora das gotas que me impede, mas sim a dor da despedida iminente.
Espero que quando estas gotas primaveris se forem com a sua senhora levem consigo a mágoa que carrego daqui, para que me possa despedir dignamente do sitio onde cresci, para que eu possa voar em pacifica leveza rumo ao verão.


Borrega

Boneca de trapos


Sentiu-se nostálgica. Sentiu-se com necessidade de socializar. Decidiu, após meia hora de debates interiores, em enviar uma mensagem à única pessoa, cuja resposta não importava, deixar-lhe-ia sempre um sorriso inconsciente nos lábios.
Sentia saudades deles. Sentia saudades de si mesma. Todas as suturas que ligavam os remendos, lhe doíam. Estava a falhar para cada bocadinho seu. Promessas feitas sem prazo de validade, ainda por cumprir eram a sua maior falha.
Muitas vezes sentia em si, pedaços de tecido há muito esquecido, talvez devido às suas falhas… Mas todos os tecidos de si arrancados e entregues àqueles que lhe deram vida, àqueles que lhe sentiam saudade, àqueles que também eles se puseram na mercê das mãos dela, todos esses tecidos, nunca formaram um todo, quando estavam imaculados.
Abraçou a boneca de trapos no seu colo, manchou os tecidos com lágrimas de saudade, ergueu-se apertando a boneca e partiu.


Pulga


[Aos grandes amigos do Feijó – que ainda hoje continuam a fazer-me rir, e que as saudades apertam quando falamos
Às grandes amigas da Azinhaga – Sempre aqui!
Aos grandes amigos de Vila Real – Vós sois pessoas fantásticas que valem mesmo a pena conhecer !!
E a uma das pessoas que tem uma das maiores partes de mim – ‘You know I love ya!’ ]

abril 13, 2009

Light Onion, Sweet Divagation

Olhas pela janela, o tempo está cinza, tímido, parecido contigo há uns dias.
Fechas os olhos, pensas que estás em Seattle, pensas que é década de 90, vês o grunge a despontar por garagens de putos que mal sabiam o que faziam...
Ergues as pálpebras, abanas a cabeça e aclaras ideias...
Ontem foste tu como não eras há muito.
És como uma cebola, tens camadas decrescentes, que te protegem a essência. Cada uma és tu, uma parte de ti. Há muito que elas não eram um todo simbiótico, ontem foram. Foram tantos saltos divagantes e associações improváveis e ele alinhava sempre, a criança até te encorajava...
Tu e a criança ontem brincaram, correndo através das pontes que esses teus saltos formavam e sem saber ela curou os golpes da tua camada exterior...
És como uma matrioska, uma boneca grande que guarda dentro outra mais pequena, uma carapaça que protege a criança que sempre serás, porque sempre serás a menina a quem aquele rapaz feito pai, feito homem, afagava os cabelos e cantava "Daughter"... Serás sempre a menina dele, a chama dele, a força dele...
Ontem, quando voltaste a ser um todo, tiveste medo, ser plena era-te estranho. Os dedos corriam o teclado, naquela ânsia que não sentias há tanto...
Tiveste medo por aquele outro rapaz, para quem não andaste a ser justa, porque tu não eras um todo e ele era todo teu. Lamechas, mas verdade...
Sorris...Olhas de novo pela janela, pensas de novo naquelas garagens, numa delas haviam uns rapazes, uns que um dia, sem saber, seriam a banda sonora da tua infância, da tua vida...
Hoje estás leve, continuas a ser a menina de "Daughter", mas hoje és também a menina de "Alive"...


Borrega
P.S.- "This is a dedicatory song":
"I walk beside you"
"All your sins will only make you strong"
"Don't call me daughter, not fit to/The picture kept will remind me"

Cair

Estava a cair. Não literalmente. Literalmente ela estava dedicada a lavar a loiça. Sozinha. Como sempre. Mas apenas se via a cair e sozinha. Mãos suportavam-lhe o peso por poucos segundos antes de a deixar ir… Os suportes do costume abateram-se. Os pilares e as fundações cederam finalmente. Estava sozinha. Como sempre estivera. Como iria ser para sempre. E enquanto se afundava, chorava baba e ranho por ela, mas sorria, tanto quanto lhe podia ser possível, afinal, poderia ser um poço sem fundo no qual caia, mas há muito que deixara de sentir as mãos… Era sinal de que ela caía sozinha. Como sempre.

Pulga

abril 12, 2009

"Vontade de Fogo"

“Pessoas quando querem proteger algo importante ficam fortes de verdade.”
(Naruto, ep.78)



Naruto: Iruka sensei… Porque é que as pessoas arriscam as suas vidas pelos outros?



Iruka sensei: Quando uma pessoa morre, ela desaparece junto com o seu passado, presente e futuro. Muitas pessoas morreram em missões e guerras. Elas morrem facilmente e de modos surpreendentemente simples. (…) Aqueles que morrem têm objectivos e sonhos. Mas toda a gente tem alguém que é importante. Parentes, irmãos, amigos, amantes... pessoas que lhes são importantes. Eles ajudam-se e confiam uns nos outros. Há um laço entre as pessoas que te são importantes desde o teu nascimento e as cordas esse laço ficam grossas e resistentes à medida que o tempo vai passando. É algo que vai além da razão. Aqueles que estão ligados a ti por esse laço irão fazer isso. Porque é importante…
(Naruto, ep.80, adaptado)




Borrega

abril 11, 2009

1ª Pegada!! :D

A ** Jo@ninh@ ** deu-nos o nosso primeiro prémio!! Montes de obrigadas!!




"O Prémio Dardos reconhece os valores que cada ‘blogueiro’ mostra cada dia no seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais etc., que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto nas suas letras, nas suas palavras."
E como todos os prémios, este também tem as suas regras:
1- Aceitar exibir a imagem.
2- Linkar o blog do qual recebeu o prémio.
3- Escolher 15 blogs para entregar o Prémio Dardos"
E os blogs que receberão o prémio, são:

Pulga e Borrega

DedicatorySigh


Ela está de perninhas à chinês sentada em cima da cama de há tantos anos... Portátil à frente, quem a vir pensa que estuda, quem a vir pensa que está interessa...

Não está!

As sapatilhas de há tantos anos, o cabelo apanhado à japonesa... Queria ir para lá, queria ir para a ficção dos animes que tanto gosta, que são o seu escape...

Vai escrever, como escreveu tantas vez, como escreve há alguns anos... Ouve música... umas têm muitos anos, muitos mais do que ela, e ela queria ir para lá, para os anos 60, 70 e 90, queria ter acompanhado as mudanças e loopings de Bob Dylan, ter sentido os gritos de Jim Morrison e as suas encarnações indigenas, dançadas para milhões, de olhos fechados... Queria ter visto a estrela cadente Kurt Cobain e a fénix Pearl Jam sobreviver às cinzas do grunge...

Queria tanto... Queria tanto aquela capacidade de reinvenção de Dylan, aquela fé cega e desinibida de Morrison, aquele brilho improvável e invulgar de Kurt e aquela sobrevivência dos Pearl Jam...

Queria...

Respira fundo...

Olha o espelho na parede em frente, repleto de fotos... Foi feliz, era feliz, em todas aquelas alturas e não sabia, não sabia a dimensão dessa felicidade...

Olhos fechados, numa fé cega, relembra aquele dia, há tantos anos, naquela falécia, aquela brisa fresca e salgada, aquele bater das ondas, aquele sol a dourá-las... Foi há tanto tempo... Dá um suspiro cansado, de velha anciã, mas falta-lhe a sabedoria...

Queria todo aquele vigor, esvaiu-se tão depresa...

Mas ela vai reinventar-se, erger-se das cinza, desinibida, de olhos cegos, está na altura... Já é primavera outra vez, chega de ser crisálida, agora é abrir as asas e voar...


Borrega
(i walk beside you)



P.S.- "This is a dedicatory song":

Carolina: Parabéns!!!!! Obrigada pelo post, fez muito por mim...
Francisca: Nabos há muitos, mas nabos tão bons como nós é dificil!!!
Nuno: Mais que um doutor, mais que um padrinho, mais que um amigo, és como meu irmão mais velho... Obrigada!
Ana Cláudia: Obrigada pela amizade, pela sinceridade, pelo companheirismo, pelas conversas até às tantas... Meu quase gomo... Para sempre no coração.
e Tu, meu gomo... Sem ti, só voaria com uma asa....

abril 08, 2009

Café

‘E quê?’, perguntei-lhe.
Ele sorriu para mim. Não o meu sorriso, aquele normal e natural, aquele que ele mostrava a melhor parte dele, aquele que me tinha cativado na primeira vez que o vi, aquele que me fazia lembrá-lo todos os dias e sorrir. Ele sorriu-me mostrando um pouco os dentes, de feições tristes. Apeteceu-me abraçá-lo, mas ele nunca tinha sido realmente meu para essas confianças, mas não podia simplesmente afastar-me. Parte de mim sempre fora dele.
Coloquei-lhe a mão sobre os ombros. Em breve entraríamos no carro, em breve iríamos tomar o café que tantas vezes adiamos. Mas agora estávamos aqui. Só nós os três. E as saudades abateram-se como uma chuva miúda. E esta escorria-me pela face, até me aperceber de que não estava a chover, e a água que escorria eram apenas lágrimas.
Dois pares de mãos suportaram-me. Fortes, inseguras. Esbocei um sorriso igual ao dele. Em breve estaria tudo bem. Em breve estaria em braços que me envolveriam também fortes e inseguros, não deles, mas de que eu pudesse trocar aquele familiar aconchego por outro que me deixaria constrangida.
Abracei-os. Ambos ficaram perplexos, mas ergueram-me no ar, e entraram assim comigo no café. Exactamente à minha medida. Exactamente ao nível de escândalo que precisava. Exactamente aquilo que necessitava para viver apenas ali e não estar nem horas à frente, nem meses atrás. Exactamente o que precisávamos para passar horas apenas com uma chávena de café, enquanto fascinávamo-nos com as nossas peripécias.
‘É apenas mais um dia, é apenas mais um café’, responderam-me de volta.

[Estavam enganados.]



Pulga

abril 07, 2009

Perdida...

Estou perdida entre tudo... entre ti, entre mim, entre ideias assombradas e errantes de rupturas radicais que nunca farei, entre coisas que quero e nunca terei, entre as saudades de ti, do teu cheiro, do teu jeito, da tua voz...Estou perdida por entre os apontamentos, por entre as horas que passam...
Estou perdida de sono e nao quero dormir sem os teus braços...

P.S.- "I walk beside you"
"This is a dedicatory song"

Borrega