abril 29, 2009

ChEiRo*

Oriana deixa a toalha pendurada no sítio do costume, abre as torneiras e tempera a água. Precisa daquele banho, precisa desesperadamente daquele banho. Tem aquele cheiro entranhado na pele, na roupa, no cabelo, na memória... O cheiro da saudade.
As lágrimas escorrem pela cara redonda, tal como o seu longo cabelo pelas costas. Ferve, tem esperanças de acabar com o cheiro assim, queimando-o...
Fica ali tanto tempo que perde a noção da realidade, que perde a noção de si, do quanto chora e soluça, até que, exausta e vencida, sai e enrola-se na toalha.
Seca fastidiosamente cada centímetro da pele morena, cada fio do longo cabelo. Volta ao quarto, deitasse, ainda cheira a saudade, um cheiro pungente, agridoce. Volta a chorar. Tal como ontem, vai adormecer exausta de tanto chorar, vai acordar durante a noite, vai chorar e voltar a adormecer vezes sem conta.
De manhã, outro banho e bastante corrector de olheiras pô-la-ão aceitável.
Será que ninguém vê por de trás da maquilhagem???
Está um trapo, um trapo esfarrapado e impregnado daquele cheiro saudosista...

Oriana...
Borrega
P.S.- To my sis'

2 rugidos:

Ana" disse...

Gostei bastante do que disseste no comentário, tudo verdade.

As tuas palavras neste texto aqui levaram me na perfeição ao cenário descrito. Muito bom! :)

Ana disse...

Fizeste-me imaginar tudo que la' estava..nossa..

O k um alto d cabelo estonteante faz!:P

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