novembro 09, 2009

Valeta

E, numa valeta imunda, duma rua cheia de gente demasiado cheia de si para a ver, ela está caída.
Maltratada, abandonada, espancada.
Corpo caído, o longo cabelo por todos sendo pisado.
Alma maculada de nódoas negras.
Nódoas negras deixadas pelas palavras vis que lhe disseste e que foram como murros.
Caída, esvai-se em sangue e ninguém vê, ninguém estende a mão e a levanta do chão.
No chão, na valeta imunda, a água castanha é tingida de vermelho.
Abandonada, deixada ali só, sem maneira de estancar aquela hemorragia.
Caída, pobre moça, dói, agonia...
Dor pungente, pontadas dilacerantes.



E, numa valeta imunda, duma rua cheia de gente cega, ela jaz.
Já está fria, já passou.

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daqui

1 rugidos:

Andreia disse...

Demasiado bom... *

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