julho 07, 2009

Agonia Noctívaga...

O carrossel gira, banhado pela lua. Ela gira, acariciada pelo vento.
Ela e o carrossel, numa noite muda, numa noite que já não é tua.
Chora lágrimas invisíveis, lágrimas quietas, lágrimas de mágoa e melancolia pungente...
O teu cheiro continua em todo o lado, tu continuas em todo o lado, até mesmo aqui, nesta noite muda, nesta noite que não é tua, a tua irritantemente persistente presença destrói cada pedaço de paz que consigo.
Pego em tela, tintas, pinto-me, pinto-te, pinto o meu coração... Pego numa faca, rasgo, dilacero cada pedaço daquela pintura nossa, ardo os restos...
Agarro em ti e volto a recalcar-te no mais fundo que tenho em mim, quero esconder-te e pôr-te longe da ferida que infectas...
Descubro que não há local são, não há nada que não tenhas magoado, não há nada que não tenha já sido teu, onde te possa exilar. Então:
Que te faço?
Que faço com o amor que te tenho?
Que faço com o desejo que me queima?
Que faço da saudade?
Que faço de mim?
Que faço de ti?
Que faço? Como vivo?

Oriana inspira profundamente, aquele ar frio da sua noite muda, aquele ar gélido que a fogueira tenta aquecer... Aquele cheiro do fumo é reconfortante, o cheiro do tabaco é reconfortante, o murmúrio da água nos seus pés é quase como o colo mimado dos seus pais.
Oriana e a noite muda, Oriana e o carrossel, Oriana e a fogueira...

Oriana...

Borrega


Créditos:
Músicas: Evanescence - "My Immortal"
Da Weasel - "Carrossel"

2 rugidos:

António Soares disse...

Quando me surgirem palavras, comento-te!

Anónimo disse...

tomas comprimidos para dormir sem parar e vais sonhando todo o dia.

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