Tom Mota*
As palavras soavam no rádio, monocórdicas mas sentidas. Quase que sentiam o homem a caminhar vagarosamente entre eles, de forma escura, talvez de espingarda na mão para adensar o clima. As pessoas no café entreolharam-se. Mas ali ao fundo, naquele canto mais colorido um animado grupo ouvira apenas partes. Soavam-lhes como pesadelos, e neste momento não havia tempo para mais pesadelos que aqueles que tinham de noite.
Um telefone soou.
‘Porque me estás a ligar?’, murmurou uma voz ansiosa enquanto se erguia e dirigia-se para a rua deserta.
‘Tenho saudades tuas’, sussurraram-lhe
‘E? Tu nunca me ligaste… Tu… Não, não te digo isto por telefone, se um dia o tiver de dizer será cara-a-cara…’ elevou-lhe a voz
‘Não queres ir beber um café?’
‘Café? Não. Ah, desculpa… Talvez. E querias ir aonde?’
‘A um cafezito qualquer que me dizes?’
Silêncio.
‘Vou-te buscar? Passo por tua casa às 23h? Sim?’
Silêncio.
‘Depois quando decidires qualquer coisa, manda-me uma mensagem. … Estás aí?’
A rua deserta passara a estar cheia de caminhantes, e todos eles observavam o telemóvel abandonado, aos berros em cima da mesa branca. Lá dentro um grupo de jovens, um grupo colorido, distinguia-se da população cinzenta que o ocupava. Uma figura pequena aninhou-se nos braços de alguém maior, que a aconchegou no peito de modo a parecer uma pessoa só, um beijo rápido e ele pousou a cabeça no ombro dela. As gargalhadas invadiram a rua, em breve cor e sorrisos era o que se via. Ali os sentimentos da natureza humana reinavam e o egoísmo era apenas desprezado e ignorado.
As palavras soavam no rádio, monocórdicas mas sentidas. Quase que sentiam o homem a caminhar vagarosamente entre eles, de forma escura, talvez de espingarda na mão para adensar o clima. As pessoas no café entreolharam-se. Mas ali ao fundo, naquele canto mais colorido um animado grupo ouvira apenas partes. Soavam-lhes como pesadelos, e neste momento não havia tempo para mais pesadelos que aqueles que tinham de noite.
Um telefone soou.
‘Porque me estás a ligar?’, murmurou uma voz ansiosa enquanto se erguia e dirigia-se para a rua deserta.
‘Tenho saudades tuas’, sussurraram-lhe
‘E? Tu nunca me ligaste… Tu… Não, não te digo isto por telefone, se um dia o tiver de dizer será cara-a-cara…’ elevou-lhe a voz
‘Não queres ir beber um café?’
‘Café? Não. Ah, desculpa… Talvez. E querias ir aonde?’
‘A um cafezito qualquer que me dizes?’
Silêncio.
‘Vou-te buscar? Passo por tua casa às 23h? Sim?’
Silêncio.
‘Depois quando decidires qualquer coisa, manda-me uma mensagem. … Estás aí?’
A rua deserta passara a estar cheia de caminhantes, e todos eles observavam o telemóvel abandonado, aos berros em cima da mesa branca. Lá dentro um grupo de jovens, um grupo colorido, distinguia-se da população cinzenta que o ocupava. Uma figura pequena aninhou-se nos braços de alguém maior, que a aconchegou no peito de modo a parecer uma pessoa só, um beijo rápido e ele pousou a cabeça no ombro dela. As gargalhadas invadiram a rua, em breve cor e sorrisos era o que se via. Ali os sentimentos da natureza humana reinavam e o egoísmo era apenas desprezado e ignorado.
'Your sweet reassurances don't change the fact'
"Mexican Standoff" - Elbow
Pulga
*'Then We Came To The End' by Joshua Ferris
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