dezembro 10, 2009

Nua

Nua...
Completamente nua...
Ao relento no telhado.
Nua..
Totalmente nua...
Pela lua contemplada.
Nua...
Pele morena, com pêlos eriçados.
Inteiramente nua...
Corpo tiritando de frio.
Nua...
Desesperadamente nua...
E nem roupa lhe bastaria para se cobrir,
E nem roupa a aqueceria...
Nua...
E, a cada soluçar, mais nua...
Desconcertantemente nua...
Alma em pêlo, de dentes rangendo...
Mendiga nua por um abraço...
Indigente por um toque...
A pequena não está sem roupa,
Não está descoberta,
Está nua! Nua!
Nua, no telhado, com a pele sendo mordiscada pelo vento abutrico da noite.
Nua, cá do alto, contemplando as luzes e os carros que passam.
Nua...
Crua...
Fria...
Nua...
Na ventania.
Estrelas, em uníssono, brilham:
Nua!
Hoje custa-lhe mais estar nua.
Contudo, não geme, não uiva.
As lágrimas só lhe porão a pele mais suculenta aos olhos do vento.
Nua...
As árvores mandam folhas em auxílio,
Para lhe serem cobertor naquele exílio, naquela vigília.
E pela noite alguém [há-de] caminha[r]...
Com a mais doce e bela seda nos braços,
Com a mais quente e fofa lã no regaço.
Segue as folhas para descobrir
Nua lá está
Esperando alguém chegar...
Nua ao luar...

Borrega

1 rugidos:

José Antônio disse...

Simplismente fantástico!

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