janeiro 28, 2009

Adeus

‘Estúpida’ murmurou para ninguém enquanto olhava pela janela ao fundo do corredor. Estaria à espera daquilo que nunca lhe tinha acontecido?
Estava-se a enganar, como tantas vezes fez desde que se despediu dele com um sorriso nos lábios.
De certeza que a dor, a ansiedade passara de espiritual para física. A decisão que tinha de tomar doía-lhe. Não queria ser ela a tomar essa decisão. Não queria ser ela a tomar essa atitude. Não queria ser ela a ceder.
Ele não lhe falava. Ela não lhe falava. Odiavam-se por isso e no entanto, continuavam a preencher os pensamentos um do outro. Para ela bastava-lhe que ele desaparecesse, para que ela conseguisse tomar essa atitude. Ele apenas seria uma pinta num quadro abstracto a que os mais leigos chamam de vida. Ele não seria mais um borrão disforme e confuso.
‘Estúpida’ voltou a murmurar. Nenhum carro pararia à sua frente para a resgatar de tal decisão. Ele não lhe apareceria com um sorriso e gritaria ‘Surpresa!’. Ela não devia deixar a sua imaginação criar-lhe esperanças.
‘Estúpida’ murmurou uma última vez, enquanto olhava para a porta do quarto. Ele não iria irromper pela porta dentro, com um ramo de rosas na mão e um pedido de reconciliação nos lábios. Não era ele. Não era aquele que ela amava.
‘Adeus’, decidiu-se por entre lágrimas. ‘Adeus.’

Pulga

1 rugidos:

Tangerina disse...

Talvez seja ele o estúpido, quem sabe...

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