‘Porquê?’ interrogou-se com um sorriso a florescer-lhe no canto da boca.
‘Porque sim.’ Simplesmente lhe responderam.
‘Sabes que isso não é resposta. Porque não me contas?’
Apenas silêncio.
‘Não me respondes?’
Desligou o telefone. A curiosidade não lhe caía bem. Sempre uma sede de querer saber toda a história nunca lhe facilitou a vida. Passou pelo espelho da cómoda, estava normal. Sorriu para o reflexo. Pegou na sua mala de tantos anos, de tantas pequenas grandes viagens, e colocou-a a tiracolo. Nunca perdera aquele hábito.
Olhou para o carro, não era o melhor, não era o dos seus sonhos, um dia conseguiria, mas por agora aquele servia-lhe bastante bem. Hesitou perante o lugar do pendura, aquele lugar trazia-lhe boas recordações… Nunca conseguira andar naquele lugar sem que alguma lhe assaltasse a memória.
Repensou na conversa. Que lhe estaria ele a esconder? Sendo ela quem era, ele devia saber como contraditória era! Adorava surpresas, mas gostava de ser informada que iam faze-las…
Recostou-se no banco e meteu a primeira. Fosse o que fosse, não seria mau. Mesmo ele não tendo por hábito dar más notícias, ela reconhecia sempre nele algum tom que a faria ficar alarmada. Mas não agora, não hoje.
Segunda. Estrada vazia. Como era bom conduzir assim. Ninguém para nos avaliar. O familiar ruído do telefone a vibrar cortou-lhe os pensamentos. Em alta-voz, atendeu:
‘Sim?’
‘Olá! Ouvi dizer que tu…’ a voz interrompeu-se.
‘Que eu…’ incitou ela.
‘Que tu ias ter com ele.’
Suspeito, pensou ela momentaneamente. A voz tinha-se autocorrigido. De certo estava a par do que se passava.
‘E ligaste-me para…’
‘Oh! Apenas quis ouvir o som harmonioso da tua linda voz pelo raiar da tarde!’, notava-se o sorriso na voz.
Sempre má mentirosa, pensou.
‘Estou a conduzir. Desejas mais alguma coisa?’
‘Estás a conduzir? Desculpa, pensei que ainda estivesses em casa.’
‘Ainda? Sabias que eu ia sair?’
A chamada caiu. Pela segunda vez, odiou o telefone. Estava a deixá-la num imenso estado de ansiedade.
Chegou a casa dele. O carro dele não estava lá. Que bom! O dia corria-lhe cada vez melhor. Fizera todo aquele caminho para estar com ele, e quando chega a casa dele, ele não está? Algo de estranho havia ali. Ele alertava-a de tudo o que fazia. Às vezes chegava mesmo a ser aborrecido e apetecia-lhe atirar o telemóvel contra uma parede, mas hoje… hoje nada era normal. E continuava a apetecer-lhe atirar o telefone contra uma parede.
‘Já te vais embora?’ sussurrou-lhe ele ao ouvido, com a voz mais suave que conseguia naquele momento. Estava por detrás dela com as mãos em torno da cintura dela, de modo a conseguir agarrar as mãos dela à frente.
‘Estava a pensar nisso’ tentou ela dizer, simplesmente, mas foi silenciada com um beijo. Arrastada até dentro de casa. Os pais dele não estavam? Estranho. A Sr.ª e o Sr. estavam sempre lá. Pessoas simpáticas.
‘Vais finalmente contar-me a minha surpresa?’ perguntou-lhe ela.
Ele parou-a no centro da sala. Olhou para ela com os seus enormes olhos e lançou um enorme sorriso.
Pipipipipi Pipipipipi …
O telemóvel jazia desmontado, com o visor rachado, junto à parede, mesmo ao lado da secretária. Não resistira. Não após aquilo que o atrasado do telefone lhe fizera. Finalmente quando ia descobrir a razão da sua ansiedade, quando o tinha junto a ela, agarrado a ela, o despertador do telefone tocara. Como era possível? Não podia ela apreciar um pouco mais? Não precisava mesmo de saber o que se passava, apenas mantê-lo junto a ela, como já tivera tantas outras vezes.
‘Porque sim.’ Simplesmente lhe responderam.
‘Sabes que isso não é resposta. Porque não me contas?’
Apenas silêncio.
‘Não me respondes?’
Desligou o telefone. A curiosidade não lhe caía bem. Sempre uma sede de querer saber toda a história nunca lhe facilitou a vida. Passou pelo espelho da cómoda, estava normal. Sorriu para o reflexo. Pegou na sua mala de tantos anos, de tantas pequenas grandes viagens, e colocou-a a tiracolo. Nunca perdera aquele hábito.
Olhou para o carro, não era o melhor, não era o dos seus sonhos, um dia conseguiria, mas por agora aquele servia-lhe bastante bem. Hesitou perante o lugar do pendura, aquele lugar trazia-lhe boas recordações… Nunca conseguira andar naquele lugar sem que alguma lhe assaltasse a memória.
Repensou na conversa. Que lhe estaria ele a esconder? Sendo ela quem era, ele devia saber como contraditória era! Adorava surpresas, mas gostava de ser informada que iam faze-las…
Recostou-se no banco e meteu a primeira. Fosse o que fosse, não seria mau. Mesmo ele não tendo por hábito dar más notícias, ela reconhecia sempre nele algum tom que a faria ficar alarmada. Mas não agora, não hoje.
Segunda. Estrada vazia. Como era bom conduzir assim. Ninguém para nos avaliar. O familiar ruído do telefone a vibrar cortou-lhe os pensamentos. Em alta-voz, atendeu:
‘Sim?’
‘Olá! Ouvi dizer que tu…’ a voz interrompeu-se.
‘Que eu…’ incitou ela.
‘Que tu ias ter com ele.’
Suspeito, pensou ela momentaneamente. A voz tinha-se autocorrigido. De certo estava a par do que se passava.
‘E ligaste-me para…’
‘Oh! Apenas quis ouvir o som harmonioso da tua linda voz pelo raiar da tarde!’, notava-se o sorriso na voz.
Sempre má mentirosa, pensou.
‘Estou a conduzir. Desejas mais alguma coisa?’
‘Estás a conduzir? Desculpa, pensei que ainda estivesses em casa.’
‘Ainda? Sabias que eu ia sair?’
A chamada caiu. Pela segunda vez, odiou o telefone. Estava a deixá-la num imenso estado de ansiedade.
Chegou a casa dele. O carro dele não estava lá. Que bom! O dia corria-lhe cada vez melhor. Fizera todo aquele caminho para estar com ele, e quando chega a casa dele, ele não está? Algo de estranho havia ali. Ele alertava-a de tudo o que fazia. Às vezes chegava mesmo a ser aborrecido e apetecia-lhe atirar o telemóvel contra uma parede, mas hoje… hoje nada era normal. E continuava a apetecer-lhe atirar o telefone contra uma parede.
‘Já te vais embora?’ sussurrou-lhe ele ao ouvido, com a voz mais suave que conseguia naquele momento. Estava por detrás dela com as mãos em torno da cintura dela, de modo a conseguir agarrar as mãos dela à frente.
‘Estava a pensar nisso’ tentou ela dizer, simplesmente, mas foi silenciada com um beijo. Arrastada até dentro de casa. Os pais dele não estavam? Estranho. A Sr.ª e o Sr. estavam sempre lá. Pessoas simpáticas.
‘Vais finalmente contar-me a minha surpresa?’ perguntou-lhe ela.
Ele parou-a no centro da sala. Olhou para ela com os seus enormes olhos e lançou um enorme sorriso.
Pipipipipi Pipipipipi …
O telemóvel jazia desmontado, com o visor rachado, junto à parede, mesmo ao lado da secretária. Não resistira. Não após aquilo que o atrasado do telefone lhe fizera. Finalmente quando ia descobrir a razão da sua ansiedade, quando o tinha junto a ela, agarrado a ela, o despertador do telefone tocara. Como era possível? Não podia ela apreciar um pouco mais? Não precisava mesmo de saber o que se passava, apenas mantê-lo junto a ela, como já tivera tantas outras vezes.
Pulga
2 rugidos:
A pulguinha está a escrever muito bem. Teve uma chata de uma professora que fazia elogios à escrita da colega e ela ficava sempre em segundo plano. Que tinha escrito um texto bem poético, mas com erros de frase, algumas ideias confusas,etc... E a pulguinha ia crescendo e pensando lá no íntimo que um dia viria a ser uma escritora célebre.
A chata da Prof manda beijokas
Este é um dos meus textos favoritos... pela hora deste comment dá para perceber que estou cheia de sono, mas, no entanto, conseguiste-me viajar até um local imaginado... transportaste-me para um mundo diferente, um mundo mais light...
Tens um dom para a escrita enorme... Não deixes que te digam o contrário... Continua...
Beijo
Joana
(")
(")
PS: O mesmo digo para a Borrega! Sois duas miúdas talentosas! Força aí! Beijo
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