janeiro 26, 2009

Boneca de Pano

Coloquei-te uma boneca de pano nas mãos e observei-te.
Ao início ficaste parado, com a boneca nas mãos. Talvez te perguntasses o que era, talvez já o soubesses. Apalpaste e trataste com cuidado. Senti-me orgulhosa de ti. Senti-te entusiasmado com o novo brinquedo. Depois começaste a querer saber mais. Querias saber o que havia para além da boneca. Apertava-la com mais força, mas com aquela tua doçura, que só tu e eu sabemos. Não eram motivos para alarme. Apenas bastou um piscar de olhos para que tudo mudasse. As tuas mãos já não tinham qualquer doçura, já não querias saber da boneca. Asfixiaste. Esmagaste. Rasgaste. Mordeste. Pisaste. Largaste.
Enquanto toda a barbaridade ocorria, não me consegui mover. Apenas sabia que ainda vivia, pois ainda me doía, e as lágrimas escorriam pela minha face abaixo.
Quando desapareceste, quando eu me consegui mover, peguei na boneca de pano. Se numa tão pequena e frágil boneca de pano lhe fizeste tal coisa, que farias se te colocasse o meu coração nas mãos?

Pulga

1 rugidos:

Zoo disse...

Sempre soube que eras grande, que eras um génio... sempre soube que escrevias, mas hoje não escreveste só, fizeste uma sinfonia perfeita, uma "Clair de Lune"...

E por falar em música... so digo "Eddie Vedder"...

Simplesmente lindo...

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