agosto 25, 2009

Mulher por destino (maldade feminina)


Um dia, mais um dia igual a todos os outros deste último ano.
Apanha o autocarro que a leva para aquela fábrica que a oprime, que a amarga.
Zum-zuns e ruge-ruges...
Demasiada mulher junta!
Demasiada maledicência e corte e costura!
Carinha redonda, salpicada de bonitas sardas, olhos escuros, tristes ali dentro, sorriso meigo.
Os seus 19, perto dos meus, parecem 25 e, esses 19, já lhe deram uma filha. Uma pequena menina risonha é o que a motiva a estar ali, a aguentar aquele ambiente.
São máquinas e mais máquinas, barulhentas e movidas a escárnio e maldizer, movidas a facadinhas nas costas.
Julgam-na pela filha que teve aos 18, pintam o carmo e a trindade, colam-lhe rótulos tal como etiquetam caixas.
Enerva, tira do sério!!!
Quem pensam que são?
Estas pessoas, aos domingos, beatas e devotas fervorosas, enchem os bancos da igreja. É "Graças a Deus" e "Ámen" dum lado para o outro. Hipocrisia pura! Cinismo!
Cristo disse que, quem nunca tivesse errado, atirasse a primeira pedra.
Pelos vistos, ali, todos são santos! Devia enviar uma carta ao Vaticano a pedir a beatificação de toda a santa fábrica!
São todos santos do pau oco, com telhados de vidro. Não são mais que ninguém!
Dia após dia, mês após mês, há um ano, atura isto.
Está farta!
Engravidou aos 18, tem uma linda menina de um ano, não se arrepende. Arrepende-se sim de estar ali, onde a mentalidade do "só acontece aos outros" reina, onde todos lhe riem pela frente e mordem por trás...

É menina, é mulher, é filha e é mãe...

Borrega

P.S.- dedicado à Verónica. Alguém com quem gosto de trabalhar e que gostei muito de conhecer!

2 rugidos:

António Soares disse...

Essas beatas dão a volta à cabeça, de facto! Especialmente ao Domingo, quando vão para a missa (estou a lembrar-me de uma) com a juba encharcada em laca do mini mercado. Aquele cabelo-arame-farpado dão ainda mais ênfase ao queixo empinado e erecto que, qual dedo, aponta todas as fraquezas alheias procurando com isso esconder as suas próprias.
Arranjam mil e um pretextos para nos questionar. Para tentar descobrir algo na nossa história que, assim, atenue o seu sentimento de culpa e mesquinhez!
É procurar a felicidade nos males alheios. É a melhor forma para envelhecer precocemente, e padecer de uma doença chamada: inutilidade!

*

*Sininho* disse...

É a primeira vez que passo por este Zoo.Lógico e fiquei encantada com este post, pela maneira que está escrito, pela força que sai da simplicaidade de palavras.

Há ambientes complicados, gente que se sente no direito de julgar e condenar, do alto da sua moralidade hipócrita. Por difícil que seja, temos mesmo de ser capazes de filtrar o que interessa e quem interessa.

Beijinho*

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