agosto 03, 2009

Lágrimas à deriva


Se querem que vos diga , tenho saudades de chorar’ sussurrou aos peluches, ‘não aquele choro sentido, em que cada lágrima derramada é uma tentativa de alívio a qualquer emoção. Também não quero lágrimas que me banhem a face como uma reacção ao clima… Não.’
Olhou em redor. A luz iluminava-lhe o quarto, via as coisas fora do sítio. Tinha saudades de entrar no quarto, sentar-se na forma castanha disforme, recostar-se de várias maneiras possíveis, enquanto o mp3 cantava memórias. Aí sim, o sorriso invisível no escuro, força as lágrimas enquanto os lábios se movimentam ao ritmo da letra melódica, e o corpo é violado por toques, cheiros, imagens, memórias fantasmas.
Hoje correu para o quarto. Arrumou-o rapidamente. Tinha de ser rápida. Escreveu um pequeno bilhete. Apagou a luz e sentou-se no puff de olhos fechados, enquanto as lágrimas corriam descontinuamente. Adormeceu assim.
Na manhã seguinte, o bilhete amarrotado continuava na mão cerrada. Abriu-o:


‘Your eyes are now opened
To a world where madness craves
To a world where hopes enslaved’

Tremble For My Beloved - Collective Soul



Pulga

1 rugidos:

Anónimo disse...

talvez seja mais fácil deixares escoar o amo-te, talvez seja mais fácil. mesmo que não haja resposta e que se houver seja dura.

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