Lá vai ela pela varanda, ao frio, abraça o corpo na esperança de o vencer. Os fracos resultados parecem satisfazê-la, já que, encostada a um dos vários pilares, contempla o enorme gigante que sabe estar prestes a abandonar. As lágrimas começam a congestionar-lhe os olhos, as imagens da meninice correm-lhe pelos olhos castanhos. Desvia o olhar um pouco para a esquerda. Aquele arbusto, ao lado da gigantesca pinheira, há dezassete anos atrás, numa tarde de Verão, servia de mesa a um bolo, ela fazia um ano. Era tão pequeno o arbusto, tal como ela, ele crescera.
Respirou fundo e engoliu as lágrimas. Caminhou para o seu objectivo, fechou as portadas da janela, com a certeza que, por muito que já tivesse sofrido ali, aquela seria sempre a sua casa, a janela do seu quarto, o seu arbusto e a sua pinheira.
Quando caminhava para a porta, passou pelo seu banco e disse-lhe adeus. Introduziu a chave, que mantivera apertada na mão, na ranhura e, com um último olhar para as luzes da aldeia, entrou, trancou a porta e voltou para o computador.
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