outubro 06, 2009

Morte, enterro, luto... Vida


Oriana mal se via por entre a confusão do quarto que arrumava.
Porque raio deixava sempre o caos instalar-se antes de arrumar? Cansava-se sempre o dobro!! Tanto papel, livros, fotocópias, jornais. Jornais e mais jornais!
Oriana deambulava, atabalhoadamente graciosa, por entre os "escombros", tentando reerguer a organização. Dum caderno cai-lhe uma folha escrevinhada, pega, sorri triste por reconhecê-la... Recosta-se na parede necessitada de tinta do velho quarto, lê alto, para que o caos a ouça:

"Hoje volto a escrever para falar de algo que já escrevi, para escrever de ti. Já não és só "Qualquer Coisa"... Primeiro estranhei-te e agora, agora entranhei-te de tal maneira em mim que sinto saudades de apenas te ouvir respirar. Da tua respiração a agitar o meu cabelo.
Volto a escrever porque, por cada dia que não o faço, sinto-me a ficar oca, a perder a chama, tal como quando tu não estás.
Antes eras algo que eu estranhava, que era inédito na minha vida corriqueira e monocromática. Eras o meu "Qualquer Coisa", também porque não gosto de rótulos, mas agora não posso fugir de te colar um, um que te torna parte de mim, uma simbiose que espero que continue perfeita.
Depois de ela ter subido na nuvem com "Qualquer Coisa" muita coisa mudou, mas as minhas mãos continuam nas tuas. E sinto a tua falta mais do que queria ou devia. Agora preciso de ti."


Não tinha data. Lembrava-se vagamente daquele tempo. Tinha gaguejado um pouco, devido às lágrimas matreiras que lhe insistiram em lavar a cara.
Amei-te tanto, amava-te tanto!
Já não te amo!
Sim, o meu pequeno e cicatrizado coraçãozinho ainda guarda lá aquele amor bonito, enorme, golíaco, que te tive. Mas já não o sinto senão como recordação feliz de fim excruciante. Já não és tu o principio e o fim, preenchendo tudo pelo meio. Pulsar do meu desejo sem fim, banhado por uma devoção, um carinho enlaçados em amizade e amor incondicional.
Naquela noite, e em todo o tempo que se seguiu até há pouco tempo, mataste-me! Um pedaço de mim morreu contigo e em ti, naquele teu amor que era labareda crepitante daquele nosso incêndio...
Fitou a folha, de fontes já estanques.
Enterrei-te, já te enterrei, já te fiz luto, agora... Agora, Vivo!

Até Sempre

Oriana...



Borrega
(23/09/2009)


P.S. - RIP, in memory: this is a dedicatory song, better, this will always be my frist love song: "I walk beside you"
(cresci... aprendi...)


Créditos:
Imagem: Avril Lavigne
Música: Da Weasel - "Força"

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