Está perdida entre as ruínas dos seus momentos perfeitos, esse Alguém sabe-o, pois os seus olhos estão vazios de presente e turvos de dor.
Oriana mergulhou nesses seus momentos e começa agora a rabiscar sofregamente, desvirginando a alva folha...
"
«Foi o clorofórmio da minha dor, agora é o cianeto da minha vida.»
Ainda dói... tanto...
Apareceste na minha frente, tu e a tua simplicidade, tu e a tua sinceridade, tu e aquela promessa eterna de companheirismo e amor...
Abracei-te o mais forte que pude com os meus pequenos braços e o teu aroma adormeceu a minha dor, a minha raiva, os meus ímpetos narcisistas.
Mas tu não eras imune ao mundo, não eras imune a mim, ao meu veneno de desilusão, então partiste... Deixaste-me largada, já não tinha o teu aroma para adormecer a dor, no lugar dele o aroma da ausência mata-me aos poucos.
"Over and over and over again she cries
Don't fall away, and leave me to myself
Don't fall away, and leave love bleeding
In my hands, in my hands again
Leave love bleeding
In my hands, in my hands"
Oriana"
A mão d'Oriana pousa sobre a mão que lhe afaga os cabelos.
- Chega-me a caixa das cartas, por favor.
Abre-a e coloca lá o que acaba de escrever. Alguém olha-a complacente e pergunta:
- Mais leve?
- Um pouco, mas não pares como os mimos...
E Alguém continuou a afagar os cabelos de Oriana...
Teria ele a noção que ela sentia aqueles mimos na alma? Que eles lhe estancavam, nem que fosse por momentos, a hemorragia?
Oriana...
Borrega
Créditos:
Música: Fuel - "Hemorrhage"
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