junho 10, 2009

"I cry when angels deserve to die" (5/4/05-9/6/09)


Está sol, sol é dizer pouco, está uma brasa.
Um homem, em tronco nu, cava um buraco, perto do outro que cavou anos antes. Tal como anos antes, está triste, perdeu um amigo. Cada vez que o buraco vai ficando mais fundo, mais lhe dói, mais sente a tristeza da menina que, lá em casa, chora por aquela partida.
O homem sua, está cansado, mas não pára até ter feito a cova. Olha agora para o lado, está lá o seu pequeno índio à espera, calmo e sereno. Morreu feliz, teve uma vida cheia. Continua a ter aquele ar doce, que nem o fel do luto lhe lavou da cara.
Pega-o como a um filho, e deposita-o no fundo do buraco. Ele há-de gostar de repousar ali, está ao lado da sua mãe.
O homem é ateu, o homem não acredita, contudo, tal como pela mãe, faz a reza por aquilo que acredita, pelo carinho que lhes tem, pelos passeios pelo campo, pelos sorrisos ao vê-los correr atrás dos coelhos, dos ouriços e das cobras. Ele reza e a menina chora. Ele está encharcado em suor e ela em lágrimas. Ele volta para casa e ela sai de lá e vai correr pelo campo, onde antes corria com ele, o seu índio de olhos de mel...

Sioux...

«Indian, indian, why did you die for? Indian say: "nothing at all."»
Jim Morrison


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Créditos:
titulo: trecho da música "Chop Suey", Sistem Of A Down

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