"Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém..."
Daquele banco, no meio do verde, em terras de Aleu, ela imagina aquele outro banco, numa simples varanda de uma casa, que nem bem de sua pode chamar.
Nesse banco, ela é banhada pelos tons laranjas do poente, que vão descendo sobre as searas, doirando o milho e enterrando-se nos montes distantes. Vê as garças em alvas paradas, rompendo as nuvens tingidas de tarde, tingidas de rosa. Olhos no horizonte, perdidos, divagantes, sonhadores, utópicos como sempre...
Ela fecha os olhos e viaja de novo. Outro banco, outro sitio, ainda mais distante de onde está. A planície alentejana, findando em falésias escarpadas, eruditas pelo tempo, banhadas pelas ondas salgadas. O mergulho lento do sol, por entre as águas ondulantes. Ela, mais petiz, mais inocente, mais enérgica, olha o pôr-do-sol, respira a maresia, envolta no canto das gaivotas.
Abre os olhos, covas roxas, cavadas pelo cansaço de noites mal dormidas, atormentadas por quimeras das coisas perdidas, e lá está o Corgo a correr à sua frente. O sol a pôr-se lá longe.
Queria agarrá-lo, tê-lo na palma da mão. Queria ser incêndio, já só é brasa...
Nesse banco, ela é banhada pelos tons laranjas do poente, que vão descendo sobre as searas, doirando o milho e enterrando-se nos montes distantes. Vê as garças em alvas paradas, rompendo as nuvens tingidas de tarde, tingidas de rosa. Olhos no horizonte, perdidos, divagantes, sonhadores, utópicos como sempre...
Ela fecha os olhos e viaja de novo. Outro banco, outro sitio, ainda mais distante de onde está. A planície alentejana, findando em falésias escarpadas, eruditas pelo tempo, banhadas pelas ondas salgadas. O mergulho lento do sol, por entre as águas ondulantes. Ela, mais petiz, mais inocente, mais enérgica, olha o pôr-do-sol, respira a maresia, envolta no canto das gaivotas.
Abre os olhos, covas roxas, cavadas pelo cansaço de noites mal dormidas, atormentadas por quimeras das coisas perdidas, e lá está o Corgo a correr à sua frente. O sol a pôr-se lá longe.
Queria agarrá-lo, tê-lo na palma da mão. Queria ser incêndio, já só é brasa...
"Roendo uma laranja na falésia
Olhando o mundo azul à minha frente,
Ouvindo um rouxinol na redondeza,
No calmo improviso do poente"
Borrega
Créditos:
Foto: banco em Porto Côvo
Música: Rui Veloso - "Porto Côvo"
Poema: Mário Sá Carneiro - "Quase"
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