junho 07, 2009

noites de Oriana

O corpo, apesar do seu quê de franzino, já não é de menina. Contudo, o rosto mantém-se pueril e nesta noite, como em outras, atormentado.
Oriana dorme abraçando algo que parece muitíssimo importante.
(...)
As torradas e as canecas de leite são banhadas sobre a mesa pelos raios tímidos que rompem por entre as nuvens. Ouvia remexer-se na cama toda a noite, mas sem nunca largar o que quer que fosse que pensava abraçar.
Acordei-a o mais meigamente possivel, pedira-me que não a deixasse dormir até muito tarde, tinha de estudar.
Abriu os olhos, meio perdida e, de imediato, olhou para os braços nus e sós. Não tive de lhe perguntar, ela entreviu a curiosidade nos meus olhos e pediu que lhe chegasse o computador. Enquanto esse ligava disse:
- É algo um pouco digno de dó. - diz corada...
- Não tens de contar, estou curiosa, mas não tens de o fazer.
Está já demasiado absorvida no que procura na net para me responder, sei que quando o fizer será com a sua explicação.
Após um suspiro meio dorido, diz:
- Lembraste do filme Notting Hill, certo?
Aceno afirmativamente.
- O que te vou ler é um diálogo entre as personagens principais:
«- Rita Hayworth used to say, "They go to bed with Gilda; they wake up with me."
- Who's Gilda?
- Her most famous part. Men went to bed with the dream; they didn't like it when they would wake up with the reality.»
Eu todas as noites adormeço a abraçar a minha pequena esfera de eternidade, nela estão todos os momentos mais felizes, e todos os dias acordo sem nada.
Escorre-lhe já uma lágrima matreira pela face extremamente corada pela revelação. Abraço-a.
- Oriana, não é deprimente, não tens de ter vergonha. E os momentos continuam lá, só acordas sem eles porque é a forma que eles têm de te mostrar que tens de seguir em frente.


Oriana...


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("rapariga, move on!")

Créditos:
Filme: Notting Hill

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