setembro 12, 2009

Caminha, pequena


Caminha depressa, pequena, por esse beco escuro. Não ergas a cabeça, ainda não. Quando sentires a dor latejante aí sim, poderás levantá-la.
Abre os olhos, pequena, abre-os depressa. Não te arrependas. Nada de mal fizeste. Apenas fechaste os olhos quando os devias ter mantido abertos e ríspidos. Aí ninguém te daria o encontrão que te fez bater com a cabeça.
Aconchega-te, pequena, aconchega-te bem. Aninha-te em ti. Não vale a pena chorar, mas larga essas lágrimas que sentes que estão a mais. Dói, mas daqui a pouco passará. Daqui a pouco, apenas sentirás a sombra daquilo que te pareceu a pior dor de sempre.
Recomeça o caminho, pequena, recomeça até o saberes de cor. Ainda vais bater muito com a cabeça. Mas não podes já querer o fim do beco se ainda estás no inicio. Caminha, pequena, caminha. Caminha com aquela graciosidade que outros admiram e que tu recriminas.


Pulga

0 rugidos:

Enviar um comentário