maio 08, 2009

Farrapos duma rebelião

“A distância é uma coisa relativa.”... Ou não! A distância arrasta com ela a saudade e dou por mim deitada no escuro a violar até às entranhas toda e qualquer recordação daqueles momentos que vivi. Enquanto penso nisso, continuo deitada, o meu coração palpita desenfreado e eu começo a divagar sobre mim mesma.
Quem sou eu afinal? Sou um sem fim de contradições. Sou doce e amarga, sou segura e insegura, sou forte e fraca, sou feliz e infeliz... No fundo, acho que sou um desperdício. A minha alma fervilha e eu não sei que fazer com tudo o que sinto. Na realidade, tenho demasiado receio de desiludir e perder quem amo, tenho medo de estar só. Penso que vivo demasiado certas coisas, sinto-me constantemente angustiada e perdida...
Não sei bem de onde me está a sair este texto, se do fundo do meu estômago nauseado pelo medo de sofrer e ficar só, se do fundo do meu coração imaturo, palpitante, apaixonado e condenado a sofrer.
No entanto, estou a achar um pouco egocêntrico e narcisista estar a escrever sobre mim, mas ultimamente, desde que deixei aqueles olhos meigos lerem-me a alma, tenho posto em causa, ainda mais e repetidas vezes, quem sou, no que me estou a tornar e se gosto disso. Será que tomo as atitudes certas? Será que não vou desiludir as pessoas de quem gosto como me desiludo a mim mesma frequentemente? Começo a concluir que amo com intensidade a mais, entrego-me e envolvo-me demais. Tenho receio de ser demasiado “extremista”, ou dou tudo ou não dou nada, não consigo dar-me pela metade. Temo que este “extremismo” que me está inerente ganhe ânimo próprio e, um dia, me consuma a alma. Talvez isto passe com a idade...
Escrevo isto num colchão, no chão do quarto do meu irmão (faz demasiado calor para dormir no meu). E, enquanto ele está a ver televisão, eu estou aqui, sozinha a sentir-me tão frágil e “quebradiça” como se tivesse sido mergulhada em azoto liquido. É complicado explicar-me, mas sei que o meu âmago é por vezes varrido por impetuosos furacões e tempestades tropicais.
Sinto um nó na boca do estômago, um calor e um arrepio percorrem, em simultâneo, o meu cepto cardíaco. Acho que isto é o resultado de ter baixado a guarda e me ter deixado perder naqueles olhos que me idealizavam tanto. Agora só vejo ainda mais nitidamente a fossa abissal que existe entre quem sou e quem quero ser. Sou tão mais fraca que aquele platónico eu.
Faltam-me as forças e a minha pena começa agora a fraquejar. Não sei bem que escrever mais, este é o reflexo dos farrapos que sobraram da minha última rebelião interna. Sei que não fiz grande sentido, no entanto eu sou assim, desnexada, aluada e uma eterna enamorada pelos meus sonhos utópicos de perfeição e felicidade que guardo do lado esquerdo do peito. Lado esse que esta dilacerado pela saudade que agora sente, dilacerado pela adolescência...
É difícil ter 17, é difícil ser eu...

Borrega
P.S.- Nesta noite, há um ano e pouco atrás, tu estendeste-me a mão, mesmo a 300 e tal km de distância, tu estavas lá... Peço-te só uma coisa, não me negues a tua mão agora...
Por favor, continua a caminhar ao meu lado...

1 rugidos:

Ana" disse...

Conseguiste descrever de forma sublime o que à muito tempo tento escrever e nao consigo :$

Parabéns por tal! Beijinho *

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