fevereiro 18, 2009

Noite(s)


Estou só, os olhos vagam pelas memórias. Parám nele e nela.
Ele e ela, os dois deitados, os corpos perfeitamente encaixados, ela tão pequena perto dele, protegida pelo seu gigante abraço. Uma concha perfeita.
Ele, mesmo num sono sereno e pesado, aquecia-a, sempre friorenta, naquele protector abraço, naquela cama de tantas outras noites.
Ela está agitada, vejo-lhe nos olhos que algo a incomoda. Ela sonha e no sonho dela há um piano gemendo uma sinfonia perfeita, tocado por doloridos dedos. Esse sonho, é ele que a atormenta, que a está a por agitada. Por muito perfeita que a sinfonia seja, transmite a dor daqueles dedos doloridos, que são, de alguma forma, os dela. É isso que a está a por agitada.
Em resposta a este burburinho interior, o seu corpo encolhe-se e contrai-se contra o dele, procurando ainda mais refúgio nos braços dele.
E a sinfonia abrandou e ela finalmente serenou naqueles braços quentes.
Os meus braços apertaram-se contra o peito, tentativa frustrada de aplacar um arrepio desconcertante. É um movimento vão, sou quase como os répteis, incapaz de regular a minha temperatura sozinha.
De novo o arrepio e a imagem dele e dela, naquela cama, dos braços dele, de todo o seu corpo aquecendo o dela.
Tenho saudades dele e dela, nós, abraçados na cama.


Borrega

1 rugidos:

Anónimo disse...

ta.... cm hei-de dizer?!?! Profundamente tucante, nao sei se é o termo adequado ou se faz algum sentido, mas gustei muito..

Enviar um comentário